aman 62

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ZOADA NA VILA MILITAR

 

De volta às aulas no segundo semestre, soube de uma confusão danada que houve num daqueles apartamentos da Vila Militar, mais próximos da Brigada Paraquedista. Na hora, não atinei bem o que fosse ou talvez nem tivesse entendido direito.

Com aquele nosso colega? O cara mais calmo da Humanidade? Não existia pessoa humana, homem, mais calmo, mais silente, mais pensante e pouco falante que aquele cearense da gota serena.

Ao chegar em casa vindo do Exercício de Belo Horizonte, a família o recebeu com efusiva alegria. Mas, foi só um instantezinho, extremamente curtinho. Quando ele abriu a sua mala 007, que todos os alunos usavam, as camisinhas se esbarrondaram junto aos papéis, rolaram pelo chão, por cima da mesa e se espalharam pelo chão adiante. Triste surpresa. Nefanda admiração. Imprevisto com alto grau de azar e estupefação. Quem esperaria que seu lar fosse maculado com aqueles objetos tão abjetos, de uso tão incomum numa casa de família?

E ele sem explicação para o fato. A que horas os canalhas tinham se aproveitado de sua silente ausência ou distração momentânea? Quem não deve não teme.

Alguém bateu à porta. Quase não era atendido.
- O que foi? Posso ajudar? Perguntou o vizinho solícito e adentrando à sala. Por pouco não sobrou para o colega.
- Um gaiato colocou isto tudo dentro de minha mala 007. Não sei quem foi que armou esta cilada, por que eu não sou de pular a cerca, nem perto e nem longe de casa, falou o suplicante com a voz embargada.
- Vamos resolver isto na sala de aula, falou o visitante e vizinho. Amanhã bem cedo eu tomo as providências... E saiu como entrou, incontinenti.
- Você dorme na sala até eu saber da história todinha... Falou a matriarca em tom áspero.

No dia seguinte, mais de vinte e quatro horas depois da palhaçada e humilhação sofrida por nosso amigo, uma Comissão de Notáveis foi fazer uma visita de conciliação e explicações. E tome blá-blá-blá por longos minutos. Sem ter sido realmente eles, ou um deles, assumiram a autoria da brincadeira e lacraram um acordo, carimbaram o quase claudicante casamento e foram embora.

O casal entrou em lua de mel, acabando algumas horas de intensa zoada na Vila Militar naquele longínquo ano de 1975. E os culpados se penitenciaram: podiam ter acabado um casamento, pois a madame era radical paca.

O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: CUIDADO COM CAMISINHAS FORA DO LOCAL E DAS CIRCUNSTÃNCIAS DE USO FAMILIAR.