aman 62
ZEUS E A Z REU* |
No Exército encontramos, como em qualquer grande comunidade, companheiros de todos os quilates: serenos, inteligentes, extremados, trotistas, poetas e escritores de todos os gêneros, artistas de pincéis e telas e artistas no comportamento. Há os mestres, os instrutores, os administradores, os alunos de todas as idades. Há alguns que contraem “generalite aguda” e outros para quem a sorte sorriu a vida toda. Há os que cultuam e prezam a cultura de sovaco (sempre um livro na axila). Há os irascíveis e os calados concordatários. Há os “excluídos digitais” e os que passam o dia na Internet, encaminhando mensagens dos outros: não tem opinião formada. Neste caldeirão de tipos, personalidades e afins reencontrei no Recife, nos idos de 1976, um companheiro de cavalaria, cujo nome é omitido e trocado pelo deus grego Zeus.
Eu acabara de me apresentar pronto para o Serviço no Comando da 7ª Região Militar, aguardando a ativação da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada. E para me ocupar, arranjei um pequeno bureau para ficar quieto, lendo, estudando e aguardando as ordens.
Fui formando um pequeno grupo de capitães, ora mais modernos, ora mais antigos. Todos originários da AMAN, para falar a mesma linguagem. Conversando a gente fica sabendo das cousas mais interessantes: quem é quem. Uns camaradas mal encarados no refeitório eram do DOI, coitados. Outros, médicos do Serviço de Saúde. Um de Material Bélico. Outro, o Intendente Tesoureiro daquele comando. E, outros cada um com a sua história, as suas origens e o seu destino.
Um dia, chegou um companheiro de Cavalaria, cujo nome fictício eu citei acima, e num papo na sala que eu estacionava soltou esta:
- O oficial é classificado em alguma OM no Recife. Ele não conhece a cidade. Vai entrando e logo se perde: são voltas e voltas que dá para achar o caminho do Hotel de Trânsito (ficava em Olinda). Devia haver uma comissão de recepção para recebê-lo na entrada da cidade. Numa Z Reu...!
Quem estava por perto, soltou uma baita gargalhada. Onde já se viu Comissão de Recepção ser criada só para receber os chegantes? E nem todo o dia chegava algum militar transferido para o Recife e sua Guarnição. Não tinha cabimento. Ele soltou uma “pérola”...
E mereceu este registro social!
* Z REU = Zona de Reunião; local onde as tropas se reúnem para dali partir para uma ação. Ou chegar de uma missão.