aman 62
A VITORIOSA
Júlia Castelo Branco
Aos amigos que fizemos no Glorioso EB !
Até meus 16 anos jamais havia experimentado saudade, aquela que doi.
Naquela época o ex-aluno/EPF, Nº 184, ingressou na AMAN e passei a sofrer um pranto enorme. Cartas vão e cartas vem com as leituras banhadas de lágrimas.
Por muitas vezes mãe e irmãs compartilhavam da tristeza. Passei a ter verdadeiro pavor a tudo que se referia à AMAN, como se ela houvesse furtado o Paulo passando, então, a ser minha rival. Sobrava um pouco de alento, pois nas férias retornava pelos aviões da REAL.
Três anos se passaram, aproximando-se do fim, preparativos para o Aspirantado, vestido de renda, luvas, etc, pois queria estar bem bonita diante da minha "inimiga". No dia da festa, 20 Dez 62, adentrei o PTM com meus sogros, cabeça levantada e ares de vencedora.
Observei cada detalhe da formatura, sempre com ar superior, afinal, estava levando de volta o meu amor Nº1084.
Casamos, e meus sonhos, sempre, eram aflitos, pois via o Paulo de "azulão" sendo levado pela gigantesca "bruxa"(AMAN). Acordava agitada, mas o meu Tenente dormia ao meu lado quando não estava em serviço.
Em 1975, Paulo foi convidado a servir no C Inf e pensei: acho que agora vou fazer as pazes com " ela", pois já tenho meu Capitão e foi ela quem me fez conhecer o Brasil, outros países e queridos amigos.
Minha chegada a Rezende foi pura felicidade, mas a danada continuou a dar o bote. Meu marido saía e voltava com a lua, para ensinar a vida aos cadetes e, eu, a encarar a via Dutra para deixar as crianças na escola. Foi uma ótima fase. Fizemos amizades, até hoje conservadas, e meus filhos catequisados na pequena Capela.
Serve aquí, serve alí, as saudades dos meus familiares substituiam as do Cadete, mas estava com a família que havíamos constituído e muito felizes.
O grande golpe no coração foi quando tive que deixar os filhos em Brasília. Jamais aceitei o argumento de os filhos são para o mundo. Não que seja para ficar embaixo da asa, mas queremos ser útil, fazer os quitutes que eles gostam e, quando adultos, precisam do colo de mãe.
Novamente, quis culpar a Academia, mas agora, era meu Exército que tudo pode comigo fazer. Toda minha família é V.O. Aprendí a amá-lo.
Continuo sendo alegre, sem gostar de falar em coisas tristes. Mas a saudade continua, doendo, e há dias em que parecem agulhadas no meu coração.
A saudade da neta é amor puro, igual à saudade do cadete. É quando volto a ter raiva da Academia por entender que ela vai nos rondando até a 3ª geração.
Cansei e acho que toda a magnitude da AMAN passou a ser a grande VITORIOSA.
Com saudoso abraço, Júlia Maria Montenegro Castelo Branco