aman 62

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Geraldo Olegário de SANTANA


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Lendo os seus e-mail, com muito atraso, me deparei com a triste noticia do falecimento de nosso amigo e colega de turma GERALDO OLEGÁRIO DE SANTANA.
O Olega morava perto de mim, no bairro de Setúbal, em Recife. Ele era espírita e no retorno de uma caminhada, no calçadão da Av. Boa Viagem, alguns anos atrás, ele procurou me convencer a frequentar algunas reuniões. Na primeira oportunidade, logo em seguida, me deu de presente uma bíblia espírita.
Fazia um bom tempo que não me encontrava com o OLEGA. Pensei que ele tivesse mudado de bairro ou de cidade. Agora, tomei conhecimento que se mudou para o céu, pois tinha uma boa e grande alma.
LCMNogueira

(Mensagem do Nogueira para o Camurça em 14 Mar 2010)

 

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Veio-me à lembrança e creio que poucos da Tuducax, além do Castelo Branco e de mim, conhecem este fato.

 

Uma  justa lembrança
 

Hiram Câmara - Inf/62 Cad 330

 

Devido a sua modéstia, é provável que poucos conheçam ou se lembrem de um fato da vida de GERALDO OLEGÁRO DE SANTANA, nossa mais recente saudade tuducax, nesta tarde de 5 de janeiro.


Lembro-me bem dele como Cadete, o sorriso aberto, bondoso e amigo. E, depois de Cadete,  só o veria de novo, dez anos depois, quando nos encontramos servindo como Capitães, em Natal, RN.

Era o ano de 1972, e de nossa turma, estava lá nosso cronista diplomata Paulo Cezar Castelo Branco. Ambos, Castelo e Olega Brejão serviam no 16º Batalhão de Caçadores, então comandado pelo TC Paulo Burlier. Era época da construção da Transamazônica, e o 3º Batalhão de Engenharia de Construção, então comandado pelo Cel Eng Eliano, recebera ordens para deixar o aquartelamento de Natal e partir para Picos, no Piauí, com a finalidade de cumprir sua parte na missão geoestratégica da patriótica construção da Transamazônica, que a falta de consciência estratégica de brasileiros de anos seguintes fez sufocar, a golpes de terçado nos orçamentos que levariam o Brasil à saída pelo Pacífico. Natal deixaria de ter seus Engenheiros de Construção.

As necessidades prioritárias da Engenharia de Construção, haviam acelerado os planos do Estado-Maior do Exército que previam dotar o Nordeste com uma Brigada de Infantaria sediada em Natal, já estudada, então, nos planejamentos da própria Infantaria Divisionária da 7ª RM, a ID/7, por proposta de seu comandante, o então Gen Bda Carlos de Meira Mattos. Assim, em 1972, seria criado em Natal, o 7º Batalhão de Engenharia de Combate, herdeiro do histórico Batalhão Escola de Engenharia, sediado na Vila Militar do Rio de Janeiro. Ao Cmt da ID/7 coube  conduzir o planejamento da instalação da nova unidade.

E foi como consequência deste momento, que nosso modesto e bem com a vida, Olega Brejão, infante de sete costados, viveu uma experiência rara. E o Cmt da ID fez-me hifen na ligação entre o Comandante da ID/7 e Olega.

Servindo no QG da ID, AjO do General Meira Mattos, incumbira-me o chefe militar de transmitir ao Cel Burlier e ao Cap Olegário, convocação para uma reunião no QG.  Era um fim de tarde de sábado, e foi com aquela sensação de quem acorda o colega para "tirar"o 3º quarto de plantão da Ala, que o assisti ser acordado do  sossegado sono em rede farta e mansa, recebendo a brisa que passava distraída pela varanda de sua casa de capitão da Vila Militar do Tirol.

Naquele fim de tarde, Olega Brejão recebeu do Cmt da ID/7 a missão inesperada de comandar, interinamente, o 7º BECmb. O novo comandante ainda teria de ser nomeado, teria férias, trânsito, enfim, caiu-me a ficha:  o 7º de Engenharia de Combate, com toda sua tradição de Batalhão Escola seria comandado, ainda que interinamente, por um infante!

Amigos Tuducax, assim foi, e o Castelo Branco  deve estar bem lembrado.

O restante foi uma transformação de sentimentos entre o susto inicial e uma intensa vibração pela missão, que se foi apoderando, a cada dia, de Olega Brejão;

A nomeação do novo Comandante demorou mais do que o esperado. Depois as férias, etc, longe ficou da previsão de realizar, apenas, a instalação física. Ele conduziu a seleção dos primeiros soldados conscritos da Eng Cmb de Natal. Com o passar dos dias, Olega foi se "engenharizando" com um profissionalismo invejável. "Vivendo a situação", conduziu toda a instrução chamada à época de Básica. Assisti-o, por ordem do Cmt ID/7,  comandando os primeiros  tiros de "seus" Engenheiros, no Estande do 16. Assisti-o recebendo autoridades, acompanhando-os na Revista à Guarda de Honra. Ouvi suas palavras evocadas com espírito de Engenheiro, abrindo curso de cabos. Por fim, estive em uma  instruçao de um programa que conduzia para ser aplicado por tenentes da Arma, sobre assuntos de Engenharia, e ele, ali, como o mais atento dos alunos.

Não me recordo de ter estado em sua passagem de comando ao Comandante efetivo.

E desconheço se, em algum local da briosa unidade, existe alguma lembrança dessa atípica interinidade. Se houver, que bom será se for bem ao seu feitio, modesta e simples, mas de honra. A um jovem Capitão, que não se apequenou em face da missão que poderia ter-lhe parecido acima de suas possibilidades; que não tentou dela escapar; não tergiversou. Simplesmente, assumiu-a como Infante e Engenheiro de Combate, em seu limite. Cumpriu-a, com dignidade e profissionalismo.

Esta é a mais justa homenagem que minha intersecção de vida com a de meu amigo GERALDO OLEGÁRIO DE SANTANA, Olega Brejão, permite-me fazer chegar ao conhecimento de quem ainda não conhecesse esta invulgar faceta da vida militar desse Infante que, certa vez, honrou duas Armas com missão bem cumprida de Engenheiro de Combate. 

Deus o está recebendo, nesta sua última transferência.

 

 

 

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"Mais um Tuducax chamado para a apresentação definitiva. Desta vez, foi o nosso Olegário, tratado com carinho, pelos amigos, como "Olega". Temperamento afável, muito correto, deixa mais triste nosso grupo, mas certamente, alegrará a associação Tuducax, no plano superior. E velará pelos que, aqui, ainda permanecem.
Que Deus o receba com as honras que fez por merecer"
Abraços,
Xavier.