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Somos frequentemente ensinados que a última carga bem-sucedida de cavalaria aconteceu mais de um século atrás, na Batalha de Omdurman em 1898. Mas a última carga bem-sucedida não aconteceu no Sudão, nem foi realizada pelos britânicos. Aconteceu na Rússia em 1942 e foi realizada pela Cavalaria de Savoia.
A última carga de cavalaria bem-sucedida da história é muito mais recente do que pregam alguns historiadores britânicos, diz Nicholas Farrell. Somos frequentemente ensinados que a última carga bem-sucedida de cavalaria aconteceu mais de um século atrás, na Batalha de Omdurman em 1898. Mas a última carga bem-sucedida não aconteceu no Sudão, nem foi realizada pelos britânicos. Aconteceu na Rússia em 1942 e foi realizada pela Cavalaria de Savoia. Em seu livro, uma magistral alternativa italiana à Proust, que é curiosamente negligenciada na Inglaterra, Giovene escreveu: A Cavalaria de Savoia estava na Rússia desde o verão de 1941, como parte da força de 61.000 homens que compunha o Corpo Expedicionário Italiano (CSIR), completa com oficiais de origem nobre, cavalos ariscos e rituais ancestrais. No verão de 1942, Mussolini ampliou a força italiana na Rússia mandando mais 229.000 homens. Na primavera de 1943, 90.000 tinham morrido e 60.000 tinham sido feito prisioneiros (desses, 10.000 não seriam libertados antes de 1954). Então, como era tradição antes da batalha, o comandante e seus oficiais colocaram suas luvas brancas e montaram. O regimento consistia em quatro esquadrões de cavalaria com 150 homens cada e um esquadrão de metralhadoras montadas. O primeiro a atacar foi o 2º Esquadrão. Seus oficiais e homens prosseguiram, como em parada, para fora do quadrado defensivo, sacaram sabres e foram em direção ao inimigo, primeiro em trote, depois em cânter, e finalmente em galope, com o grito de guerra regimental “Savoia!”. Eles não gritavam “Duce!”, pois sua lealdade estava com o Rei, o chefe da Casa de Savoia. Mais tarde, um Capitão que tomou parte no ataque se lembrou: “Nas fileiras o entusiasmo era incontrolável, especialmente nos primeiros estágios do galope quando se juntou a nós o Maggiore Manusardi, seguido por seu ordenança. O Maggiore, antigo comandante do 2º Esquadrão, sempre fiel às suas qualidades de soldado, saltou em sua sela para tomar parte num momento tão importante com seus antigos homens... O inimigo foi encolhido em duas linhas: ‘Sabres... em punho... Atacar!’. Era o grito esperado por tanto tempo, o grito com o qual sonhávamos desde a infância. Agora, finalmente, tínhamos chegado ao rugir da batalha, às explosões, e ao zunir das metralhadoras...” A Savoia tomou 500 prisioneiros russos. O resto havia fugido. Dos seus, 29 soldados e 3 oficiais perderam a vida – foram contados 150 russos mortos. O regimento foi coberto de glórias – 54 Medaglie d’Argento (a segunda maior honraria italiana por bravura) e duas Medaglie d’Oro (a maior). “Vocês foram magníficos. Nós não sabemos mais fazer esse tipo de coisa”, disse um alto-oficial alemão ao Conde Bettoni após a batalha. Durante a Segunda Guerra Mundial o Exército Italiano ganhou uma reputação de covardia. Esta reputação não é merecida. A razão para a falha militar italiana não foi covardia, mas liderança incompetente, equipamento defasado e pessoas que não se sentiam bem lutando ao lado da Alemanha Nazista. Houve, claro, diversos casos de bravura dos italianos na guerra. Aqueles italianos que tomaram parte na última carga bem-sucedida de cavalaria na história, em 24 de agosto de 1942 nos campos de girassóis do Don, eram bravos ao ponto inconseqüência, ou, como Giovene colocou, ao ponto de terem incorporado o puro senso da nobreza: uma dominação absoluta, mas uma dedicação absoluta do indivíduo em vista do coletivo, num momento de perigo. Fonte: FARRELL, Nicholas. “Sabres for Savoy”. The Spectator. FindArticles.com. 2 de fevereiro de 2009. |