Ultima Ratio Regis


Comemora-se o dia da Artilharia em 10 de junho, data de nascimento do Marechal Emílio Luís Mallet. A Artilharia é a Arma que tem por missão apoiar as tropas pelo fogo, destruindo ou neutralizando alvos que ameacem o êxito de uma operação. É a única Arma a operar exclusivamente dois Sistemas: Apoio de Fogo e Defesa Antiaérea. O primeiro – materializado na Artilharia de Campanha – tem como objetivo amparar os elementos de manobra com fogo, buscando aprofundar o combate. O segundo é responsável por impedir ou dificultar os reconhecimentos e ataques aéreos inimigos, como parte integrante da defesa aeroespacial do País. Com a evolução e a dinamização do combate, a Arma adquiriu cada vez mais mobilidade, flexibilidade, precisão e rapidez. Assim, sua importância fundamental nas grandes batalhas campais do passado, quando adotou o preceito bíblico “último argumento dos reis”, permanece até hoje, com a busca de inovações e soluções tecnológicas. Sua presença nos combates modernos continua influenciando decisivamente o desenrolar de conflitos, como se tem constatado em diversos eventos da atualidade.



Emílio Luís Mallet, nascido francês, brasileiro por amor e opção, artilheiro por vocação e patrono pela exemplar bravura de soldado. Aos 18 anos, chega ao Brasil com excepcional bagagem cultural: Matemática na Escola Militar de Saint-Cyr, França, e Humanidades, na Bélgica. D. Pedro I convida-o a alistar-se nas fileiras do Exército Nacional, em vias de organização. Matriculado na Academia Militar do Império, no Curso de Artilharia, jura a Constituição Imperial, adquirindo a nacionalidade brasileira. Na Campanha Cisplatina entrou em combate. Seu batismo de fogo aconteceu na Batalha do Passo do Rosário em 1827, quando se revelou um guerreiro dotado de extrema coragem e notável liderança. Nesse episódio, ao assumir o comando de quatro baterias, substituindo seus comandantes feridos, o Tenente Mallet galgou o posto de capitão por sua iniciativa e atuação enérgica. Ao lado de Caxias, Osorio, Sampaio, Cabrita e tantos outros peleja arduamente nos sítios da Guerra da Tríplice Aliança, restabelecendo e reafirmando nossa soberania. Em Tuiuti, no comando do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, sobressaiu-se por sua inesgotável energia e capacidade profissional. Ante surpreendente carga de cavalaria inimiga contra as posições aliadas, sustou oito vagas de assalto dos adestrados esquadrões inimigos. “Eles que venham… por aqui não passarão!” E não passaram. Mais uma vez evidencia-se sua reconhecida capacidade profissional. Desde a estóica Travessia do Chaco e a ocupação de Assunção, às vitórias de Itororó, Avaí, Lomas Valentinas, Angustura e Peribebuí, a Artilharia de Mallet constituiu fator indispensável para a vitória. Quando a guerra entrou em sua última fase, Mallet é alçado ao Comando Geral da artilharia para conduzi-la na vitoriosa e decisiva Campanha da Cordilheira. Encerrava-se, em campanha, uma brilhante carreira de soldado. Admirado e respeitado por todos, incorporava as grandes virtudes de chefe militar. O extremo cuidado com seus subordinados e seu rigoroso zelo personificaram em Mallet o espírito dos artilheiros de todas as gerações.