Caros amigos,

Aos 15 anos, determinado em seguir a medicina, meu querido pai apelou!
- Filho, gostaria que você fosse militar do Exército! Interrompi o 1º ano científico no Colégio Cearense do Sagrado Coração de Jesus e matriculei-me no curso preparatório do Gen. Carvalhedo no bairro Aldeota. Estudava álgebra, aritmética, etc, coisas que nunca serviram a minha vida, mas não sei se para agradar meu pai, homem de certo poder no meu Ceará, o querido General trouxe a notícia: - Pedro, teu filho, entre 9.000 candidatos no Brasil, foi o 5º colocado!
Papai soltou foguetes no bairro!
Numa noite de domingo, 03 Mar 1957, armado de canivete para enfrentar o trote, meu pai conduziu-me ao casarão da EsPF, hoje, CMF, às 21:00 H.
Fui recebido pelo Of de Dia, 2º Ten Tarcísio dos Santos Vieira, o “Rocky Lane”. Disse: Dr. Pedro fique tranquilo, seu filho está entregue a mim e ao Exército. Vou conduzi-lo!
Mala na mão, canivete na cintura, moral nos pés, morto de medo dos trotes, deparo com três veteranos na escada do alojamento. Animal, sobe dois e desce três, e assim fiquei por meia hora. Ao entrar no alojamento o veterano anunciou: vai desfilar, sem roupa, "Cuquita Carballo" (Cantora famosa).Chorando, cheguei ao banheiro, despido, quando ouvi o som da esperança: Alojamento sentido! Ten Tarcísio, oficial de dia!
Aquelas passadas de cowboy americano no assoalho antigo representaram minha esperança de redenção. Chegou ao banheiro e perguntou: Jovem, o que fazes despido? Ten, não aguentei vestir o pijama. Já pensaram se eu tivesse dedurado os trotistas? Passei a ser respeitado e nunca mais levei trote.

Paulo Cesar Romero Castelo Branco, Al 184/EPF