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Nós nos conhecemos quando entramos na Escola Preparatória de Fortaleza, em 1956. Ele, mineiro, soldado de um quartel de Juiz de Fora. Eu, cearense e estudante ginasiano.
Ele tomou o nº 200 e eu, o nº 194, ambos da 2ª Cia de Alunos - a Impoluta. Ficamos na T-13. A sala de aulas em que estavam os representantes dos números mais altos das duas Companhias. Um cearense entre dois mineiros: ele à esquerda e o Juarez Macedo Teixeira - o 198, à direita.
A amizade começou ai, com pequenas diferenças: eu, arataca; ele, laranjeira. Na verdade, estudávamos muito: eu era o Seno e ele o Co-seno. E nos finais de semana, eu ia para os licenciamentos aos sábados e voltava no domingo à noite; ele, acho eu, ia curtir uma praia com uma boa turma. Aliás, naquela época, brincávamos muito, dizendo que o mar para os mineiros era sempre uma ótima sensação que começava no paladar: uma lambida nos dedos e a constatação de que o mar é mesmo salgado! (Rsrsrs).
Mas, seu lado político surgiu à tona logo. Ele recebia cartas com recortes de jornais do sul, com artigos políticos de um almirante muito em voga naqueles anos. Aliás, o Brasil político era muito agitado.
Um dia, ele me comunicou que havia arrumado uma namora nova, com quem anos mais tarde, ele se casou: a Zélia, que morava no bairro de Joaquim Távora.
Na AMAN, ele tomou o nº 667 e foi para a 1ª Cia Básico; eu, o 368, fiquei na 3ª Cia Básico. Levamos azar e ficamos repetentes em matérias diferentes. Mas, fomos declarados Aspirantes em 20 Dez 1962, na Turma Duque de Caxias.
Não sei aonde ele serviu, mas sei que entrou para a reserva quando ainda era Major...
Com o advento da EMBRATEL, através do número nacional de Informações, numa manhã de domingo, localizei um irmão dele, o Ari que era General e residia em Juiz de Fora e me deu notícias do Vaz de Mello que residia em Uberlândia - Triângulo Mineiro.
Com as notícias e agora o telefone dele, liguei e reatamos nossa amizade que, em pouco tempo, fluía como antigamente.
Mas, o Vaz de Mello já não era o mesmo... Foi para a reserva, por teimosia... E assim permaneceu. Lamento a perda do amigo!
Dai-lhe o descanso eterno, Senhor.
E da luz perpétua o resplendor.
Descanse em paz. Amém.
(Do Manual do Militar Cristão - EPF 1956)
João Bosco Camurça