Com a metade do tempo que se
almeja, já vivida, pode- se intuir Deus
nos limitar a apenas uma das mãos, a
afetiva, para reconhecermos
amizades decantadas toda a
vida.
Talvez seja a razão dele nos
permitir ver essa mão, liberta, em noite
insone, gestual de conversa ao
telefone.
A destra, lógica e
prática, ocupa-se, passiva, em empolgar o
aparelho.
Aos canhotos - por divina
concessão- o uso da esquerda é o
conselho.
O caderno de endereço É
pródigo de nomes que conheço. São
conhecidos, camaradas,
companheiros. Embora excedam o que
mereço, Deus me fez sóbrio de amigos
verdadeiros.
Serei grato, sendo
cinco, dos que não se cora ao se estreitar
ao peito, e dos quais emerge, a seu
jeito, a consciência fiel da
irmandade.
E ao pensar na
contagem para a grande viagem que medeia
terra e céu, imagino-me na metade da vida
que desejo, a tempo de auscultar
-lhes alma e coração, via Embratel.
É
quando os sinto, um a um, libertos das falsas
amizades e dos concretos medos. Amigos
fraternos ali estão, Saldos fiéis de nossas
vidas e eu os tenho sempre à mão.
Deus
os fez amigos, presenças queridas a
encantarem cinco de meus dedos.
Autoria: Hiram Câmara Rio de
Janeiro - RJ Todos os direitos autorais
reservados ao autor Biblioteca Nacional
|