As
bolhas de sabão flutuaram o tempo
exato
antes de espocarem no ar como almas
vazias.
A vida é a praça em que se brinca
com essas bolhas
sopradas pelo destino, e
tentar alcançá-las, é um ato
rotineiro
na praça dos poetas a preencherem
folhas
e folhas de um caderno-karma, um
caderno-mito
no qual a ponta afiada de
cada pensamento fura
uma a uma as
bolhas-sentimento que flutuam
frágeis,
antes de espocarem no ar como um rito,
na
longa distância afetiva, longe da Ciência
pura,
que alcança o coração e a mente em
que atuam.
A rede de neurônios as
reproduz, aos milhões,
bolhas -pensamento
repletas de desejos e quereres
e elas se
farão bolhas- fantasias, tudo que
querias,
nesta grande praça-esfera de
muitos bilhões de seres
a esgotarem seus
pulmões soprando sonhos
a flutuar sobre
os telhados de vidro das
realidades
frágeis, antes de espocarem
como gritos.
O mundo é essa praça esfera
em que a espera
de um amor, que seja mais
que uma bolha de afeto.
faça-se mais que
um sonho e se não for assim,
que se
desfaça quieto, como bolha que chegou ao fim.
Autoria: Hiram Câmara Rio de Janeiro
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