Hoje, depois da
agonia, fogueiras crepitam como dores
E as cores
das labaredas de fitas soltas que se
entrelaçam
Sobem como sonhos desfeitos que se
despedaçam
Em lâminas finas, e ao ganharem os
espaços viram flores
Que escapam ao alcance das
mãos e da alma dos poetas.
Assim é quando os
anjos emitem sons –choros de perdas
E as lágrimas
descem as sinuosidades do rosto,
lerdas,
Repousando em lago de sal amargo, e ali
morrem quietas.
É como se um decreto obrigasse o
amor a ser sofrido,
Pena perpétua eternizada no
mal que faz quando se finda
E é esse o motivo
porque querem que nesta noite dos amores
Mortos,
fitas se soltem como chamas de um lamento
dorido,
e se despedacem como quem cai de um sonho
destruído.
O decreto está firmado no congresso da
dor e falta ainda
Que se faça um estoque extra de
lágrimas -verdade,
Que ao descerem a sinuosidade
do rosto incandescido
Já não desçam ao lago
amargo, e assim, vivam quietas,
Nas almas em
labaredas frias, de quem viu o amor
ferido
Esvair-se em frases entrelaçadas em gelo,
chama e sonho.
Hoje, depois da agonia,
descobri que seu amor tinha morrido.
Autoria: Hiram Câmara
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