Como um
raio, fere, risca, rasga a noite de minhas
rotinas mais vazias.
Como um sopro, leve,
brisa, é breve. Flutua nas palavras do
silêncio, nos sussurros que proponho.
Como um
sonho, é luz das cores matutinas, ora nua, ora
lua, no céu de minhas fantasias.
Como um
grito, é como um pássaro. Solta-se ao espaço,
agita-se nos ares, quebra-se ao choque da vidraça
de meus templos mais
sagrados, seculares.
Como um
samba, ginga-se com graça, malemole-se na
praça de meus medos no sambódromo de meus
versos, porta-estandarte da impossibilidade de
vencer um desfile que enfim chegou, tão
tarde.
Como essência, perfuma-me a vida por
instante, fica-me a permanência da
alfazema, despertando-me a
vontade, inconfessável, de provar do sabor de
camomila que ao passar por minha vida, tempera
levemente este poema.
Autoria: Hiram Câmara
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