Os braços se abrem, e no templo reverente de suaves
portas
Estreita-se a emoção, e tão firme é o laço, que
decerto
as duas vidas parecem apenas uma, assim, vistas de
perto.
Tudo enfim tão de repente que as linhas se fazem
tortas
como Deus as grafa, embora pretendesse escrever
certo.
E faz-se a paz e o silêncio de um verdadeiro
sentimento.
Inicia o adágio e o "pas-de-deux" é tão limpo e
tão perfeito
Que lembra as vidas daqueles que se amam, sem
enganos.
Ele a ampara e ela se esmera, leve qual o sonho dos
insanos,
E como tal, solta-se em vôo breve, e, suave,
toca-lhe a emoção.
Re-pousa-se mansa, então, no coração e
re-colhe-se nesse relicário.
Porém, não é tão precisa a
coreografia de sua vida e é necessário
Improvisar , na
amplidão do palco do desejo manifesto.
E se o som se cala e o
par perde o compasso, é necessário
Criar em sua alma a
música, o passo certo, e o gesto ansiado.
Mestre não há senão
a intuição, energia da criação feminina,
E ali, como uma
pluma, roça leve a pele de seu par, em encanto.
E com a ponta
suave de seus dedos, sobrevoa a arte de amar,
ave a brincar
em céu aberto. Foi, então, que o par enfim
decerto,
interpretou o verso do Poeta " dançar no seu corpo,
feito bailarina"
em delírio, um "pas-de-deux", sutil e
docemente apaixonado.
Autoria: Hiram
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