A Vida,
por vezes, sem licença, liga-nos o coração à
mente e gera a luz que ilumina o que a um
cego seria evidente, só não vendo enfim, quem
deveria, por louco ou insensível. Tantos os
começos de roteiros um dia
interrompidos, tantas as tentativas de bater
a claquete da primeira cena, tantas, tantas,
que a Vida deve ter, enfim, sentido pena, e o
destino percebeu tanto desperdício de amor
possível, que dirigiu - "câmera, luz e ação"-
em meus sentidos.
A cada dia que passa,
mais constante e verdadeiramente, minha alma
enquadra seu olhar, já há anos editado e na
memória, arquivado, em um momento em que a
estória do argumento não se adequava à
temporalidade da Vida dos protagonistas, há
tanto tempo passado.
Mas o grito do
Destino fez iluminar-me a alma alviçareira,
desta vez, e meu coração, avid e ávido, logo
a descobriu, na cena pioneira, espírito,
mente e emoção, e toda a lucidez do que faz e do
que fez.
E, pois, como quem dirige este
filme, há muito tempo, é o destino, deixo-me
dirigir como é dirigido um ator quase -
menino.
E, como se assistisse o copião de
nossas vidas, pela vez primeira, esse diretor
escolhe o frame certo para emenda ou para o
corte dessa vida-filme de cada um de nós, e
se assim quiser a sorte, será um filme de
amor que nos envolva, até que a vida, na tela
de nossas existências, se dissolva.
Ao
sair do cinema, um banner bem verdadeiro diz
que a Vida, enfim, é nosso melhor roteiro.
Autoria: Hiram Câmara Rio de
Janeiro - RJ Todos os direitos autorais
reservados ao autor Biblioteca Nacional
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