Pensei
que já vira tudo que de mal nos
abomina. Mas não há limite jamais. Basta
abrirmos os jornais e há sempre algo de
novo nunca contra quem domina mas contra
tudo o que é do povo, desde banco a tudo o
mais.
Pois se antes era de todos,
como: Banco do Brasil, e, assim, nosso,
por inteiro, passa a ser de um ou
outro brincam todos de banqueiro todos de
pires na mão, seja banco da Maria seja
Banco do João.
Políticos roubam do
erário, estejam ou não no horário ou de
férias em seu recesso, e, inconclusa a
decisão, ei-los todos reeleitos sem que
um só apareça sem que o povo isto impeça,
com seus votos na eleição.
Ônibus
incandescentes, fogueiras da
sociedade acesas em bela cidade fogos
fátuos da violência. Chamas da falência
moral inibem que um grito apareça ou o
gesto que impeça que horror assim se
faça.
Em cada esquina da vida eis uma
vida ceifada por uma bala perdida, em
cheio, no coração. sem que haja o que impeça,
que uma dor assim não passe e dor maior
ainda se faça, sem dimensão que se meça.
Assaltantes, em um carro, arrastam
uma criança por quilômetros de dor
enquanto se despedaça, esta sociedade de
barro, sem que um guarda apareça, sem que
ninguém impeça que horror assim se
faça.
Passa o tempo, a gente passa e
as pessoas se habituam a um cínico silogismo
"se todos assim fazem, também eu posso
fazer" sem que saia em jornal, É que elas
se situam acima do bem e do
mal.
Autoria: Hiram Câmara Rio de
Janeiro - RJ Todos os direitos autorais
reservados ao autor Biblioteca Nacional
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