Se do sonho nasce o concreto

E do incerto o espírito molda

o que  será nova certeza,

da esperança surge o futuro

que se sonha,

da fé, a crença no impossível,

todo poeta é assim passível

de sonhar  rimas incertas,

de se sentir seguro

ao se apoiar no ar,

como em amores já vividos,

e ao morrer então em rimas vivas,

e ainda assim,

seguir seu caminho, mesmo além.

 

É então que a obra do Poeta faz-se mar

onde deságuam as emoções

de seu sonhar.

E é então que o Poeta,

quando sofre

guarda a dor em um poema-cofre,

em seu coração.

E se a este, um dia, falta

uma sístole tardia,

todas as rimas dão-se as mãos

e a energia,

que delas emanou por toda a lida

de esculpir idéias em versos 

tão sentidos,

vêm-lhe ao espírito

e o socorrem.

E ao fazê-lo, perpetuam,

nos cofres-corações de destinos tão diversos,

as imagens que, um dia,

fizeram sonhos se tornarem versos.

Adia-se, então, por séculos 

o Mandamento que o chama,

pois os Poetas  morrem apenas

quando se apaga a luz de seus poemas

nos corações daqueles a quem ama.

 

Autoria: Hiram Câmara
Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Todos os direitos autorais reservados ao autor
Biblioteca Nacional

 


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