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Ela

 

Artigo publicado no jornal O Sentinela, órgão oficial da Sabs – Sociedade Acadêmica Brigadeiro Sampaio (EPF – Escola Preparatória de Fortaleza, maio de 1959).
Sinto-me honrado em ter sido, de 1957 a 1959, o aluno 118-Noronha da EPF, escola de ensino militar do glorioso Exército Brasileiro. O amor pelo microfone e a vocação de professor me desviaram da carreira das armas, sem, entretanto, deslustrar a admiração que tenho para com as Forças Armadas e a amizade sólida com meus colegas de farda.

 

Ela

 

Gamaliel Noronha

 

 

Foi naquela noite de festa do ano passado que os meus olhos a admiraram com maior interesse.
As alamedas da Escola estavam maravilhosamente iluminadas e ela, em seu lindo abrigo de um vermelho ofuscante, era observado por muitos. Acompanhava sempre um de meus melhores amigos e aquilo era uma afronta para mim.
Consolei-me ao lembrar que, no ano seguinte, ele como todos seus companheiros de turma não estariam mais aqui e, então, eu a teria ao meu lado, disto não tinha dúvida. Mas, para aquele momento meu lenitivo era admirar sua bela cabecinha doirada a que meu colega acariciava docemente.
Pensamentos outros invadiram minha mente e levaram-me a uma noite de sábado, dois anos atrás. Era uma festa com o mesmo aspecto, na mesma EPF, onde ela, hoje minha paixão, também estava, daquela vez acompanhando meu próprio irmão que dias depois, esquecendo-se dela, viajou para a Academia Militar das Agulhas Negras. Naquele tempo, eu estava longe de pensar que iria apaixonar-me por aquela figura cativante.
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Estou, agora, percorrendo as alamedas do quartel, em um dia de rotina como todos os outros, porém com um significado bem diferente para mim. Sim, porque, ao meu lado, ela está, bonita como sempre. E, agora, posso afirmar com todo o machismo e vibração de um jovem militar: ela é minha, conquistei o meu desejo!
Até parece que meus colegas me respeitam quando passo em sua companhia e não me importa mais que, amanhã, ela já seja de outro.
Hoje, pelo menos, tenho certeza de que ninguém tomará de mim a espada do auxiliar do oficial de dia, aspiração dos alunos novos, sonho dos calouros, realização dos veteranos.

 

Nota do autor: O posto de auxiliar do oficial de dia era ocupado por alunos do 3º ano, chamados de “veteranos” que aguardavam, ansiosos, o desempenho daquela missão. A espada simbolizava a sua autoridade junto ao corpo de alunos.

Comentário to 'Ela':.

Al 184 Castelo Branco

30 de dezembro de 2010


Caro 118,Esta você tirou do Baú. Sinto não ter nunca proporcionado tamanha homenagem a”ELA”.