aman 62

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesias do grande poeta brasileiro, maior nacionalista,
ainda, pai de nosso companheiro Carlô, Carlos Xavier Filho.


ESPOSA

 

Alegra-te, Querida! Os elogios
Que eu canto às musas atuais são teus!
Lágrimas simples vão formando rios,
Que levam as águas ao ideal que é Deus!

 Recorda os que cantei noutros estios:
Por ti, Saudade.. dos melhores meus!
Aquece-te com eles contra os frios
Que invadem as almas dos que são ateus!

 Nós dois seguimos juntos como os trilhos,
Eu vou no ar, por onde o sonho encanta,
Tu presa à terra pelo amor dos filhos!

Vê os meus versos... Vem comigo, canta
E nos teus olhos põe aqueles brilhos
De Esposa e Musa... De Mãe e até de Santa!

 

DUAS ESCOLAS

 

Antigamente a Escola era risonha,
Mas tinha um mestre mau, cuja carranca,
Ficava oculta sob a barba branca,
E, menos vista, tanto mais medonha. 

Hoje, que bom! O aluno senta à banca,
Sem medo algum... Adeus testa tristonha!
A sala é o céu, onde se estuda e sonha,
E em cada sonho, um anjo, a mestra franca!

 Antigamente... o milho, a palmatória,
A sala escura... contam cada estória
De arrepiar. No entanto aquela escola 

Era mais nossa... nela havia brio,
O amor à Pátria, agora, fugidio
Grudava em nós como se fora cola!

 

VOCÊ

 

Você é um livro aberto onde eu estudo!
Você - que é toda vida num momento!
Você me fala e eu a fito mudo!
Você - que é glória do meu sofrimento!

Você é realidade que eu iludo!
Você, sorrindo, embora meu tormento!
Você, Querida, é quase nada e tudo
Você me dá, pedindo esquecimento!

Você, que é flor, feriu-me como espinho!
Você, que é luz, em trevas me deixou!
Você, que é guia, esconde o meu caminho!

Você é vida e me ressuscitou!
Você é sonho, amor, musa, carinho...
Você é tudo, enquanto eu nada sou!!

 

ÁRVORE

 

Quando ao longo da estrada, o sol a pino,
Redobra o sofrimento ao viajor,
Logo uma árvore acolhe o peregrino,
Sob seu manto verde e protetor!

Quando em nossos quintais algum menino
Descansa um pouco após algum labor,
Colhe, feliz, um fruto pequenino
De uma árvore amiga, que sabor!

Quando ouvimos de um triste violino
Gemidos doces de saudade e amor,
Um lenho de árvore revela o som divino!

Quando a alma entregamos ao Senhor,
Árvore és tu - sempre ao tanger de um sino -
O nosso último leito acolhedor.

 

CADETE DE CAXIAS

 

Neste instante recebes de Caxias,
O símbolo imortal de sua glória,
Que em páginas de luz a nossa história,
Há de exaltar até o findar dos dias!

Enquanto perdurar nossa memória,
Este dia de tantas alegrias
Aquecerá as nossas noites frias,
Com todo o ardor da chama da vitória!

Orgulha-te, Cadete! Eis o espadim!
Um marco em tua vida, o galarim,
Que honrarás em combate pela Pátria! 

Tu mereces os louros que hoje tens,
Pois, de Caxias, ouço os parabéns
Que ele te envia lá da via-láctea! 

 

(24/05/1960 - Por ocasião da entrega de Espadins, aos cadetes da Turma Duque de Caxias, em seu primeiro ano na AMAN)

 

GLÓRIA E PAZ

 

Glória a Deus nas alturas, paz na Terra
Aos que levam nos ombros boa-vontade!
Aos que trabalham sempre contra a guerra,
Aos que labutam em prol da humanidade!

Aos que semeiam o campo, o vale, a serra...
Aos que mourejam vida de cidade!
Ao nascituro quando o olhar descerra,
Ao moribundo envolto na ansiedade! 

Ao pecador, cujo remorso aterra
E, arrependido, implora à eternidade,
Os gozos imortais que o céu encerra!

Aos que vivem chorando de saudade...
- Glória a Deus nas alturas, paz na Terra,
Aos que vivem felizes na humildade!

 

MÃO QUE ADORO

 

Mão que vejo apontando o dedo em riste,
Culpando os versos que sonhando fiz...
Severa a condenar a rima triste
De um triste menestrel, triste e infeliz.

Mão que espalma o direito que lhe assiste
De presidir, julgar como juiz,
Meu crime imperdoável, que consiste
Em cantar o amor, ver meu Amor feliz!

Mão de musa ideal! Vamos condena
A que eu queime meus versos... dá-me a pena
E a provação fatal, das mais extremas...

Mão que adoro! Depois... sê boa um pouco...
E empurra o teu poeta ardente e louco,
Para que morra junto aos seus poemas!