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..... ESPAÇO CULTURAL .....

 

Coluna do Fernando Velloso

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Questões de Vida


IMPORTÂNCIA DA REFLEXÃO

 

A humanidade tem como característica marcante a vocação para a pesquisa. Inquieta, curiosa, está permanentemente procurando novas soluções, buscando diferentes alternativas, fazendo seguidas descobertas.


Em consequência dessa busca constante, multiplicam-se com o passar do tempo descobertas e produções, fazendo crescer ano após ano, aceleradamente, o acervo literário da sociedade. Obras de todas as naturezas, de todos os gêneros, em quantidade quase avassaladora: desde breves informes em jornais, revistas e outros veículos de mídia até conceituadas contribuições literárias e científicas com a chancela de renomados e consagrados doutores.


Como resultado qualquer que seja o assunto de interesse de alguém em determinado momento sempre existe muito o que ler e aprender... Torna-se, então, muitas vezes, tarefa ingrata, penosa, o acesso seletivo a informações requeridas tal a quantidade de livros, periódicos e compêndios de toda natureza a consultar.


Nesse contexto, muito providencialmente, surgiu a Internet, a rede eletrônica de comunicação mundial e, no seu âmago, a WWW (word wide web), sua mais importante fonte de divulgação de informações. A partir dessa teia de abrangência mundial, em poucos segundos, de qualquer lugar, pode-se ter acesso a praticamente todas as informações com o mais variado grau de profundidade, produzidas a respeito dos mais diversos assuntos, qualquer que seja a área pesquisada ou o tipo de interesse.

 

Praticamente de modo instantâneo pode-se dispor de tudo o que foi divulgado até então.
Esse imediatismo tão vantajoso, por outro lado, ironicamente produz efeito muito danoso, pois, ao mesmo tempo em que existe a facilidade de buscas rápidas e respostas prontas, há também a possibilidade de se produzirem, com auxílio do computador, resultados e respostas a partir de simples operações de “recorte e colagem”. Em consequência, há uma tendência a que, em diversos casos, se abandone a própria capacidade de pensar, criar, inovar, produzir… E isso é, sem dúvida, lastimável!


Não nos deixemos fascinar pela lei do menor esforço! Façamos uso das conveniências que crescentemente a ciência e a tecnologia vêm pondo a nosso alcance, mas não nos privemos, em cada ocasião, de uma contribuição pessoal, fruto de nossa inteligência, de nosso raciocínio, de nossa reflexão!

 

Fernando Velloso


 
 

DETERMINAÇÃO E SUCESSO
(UM RECADO AOS JOVENS)

É próprio da natureza humana almejar o sucesso. De modo geral, todos vislumbramos, para nossas vidas, um futuro pleno de vitórias, de conquistas, de realizações. O próprio viver impõe essa vocação, uma vez que nossa existência pode ser comparada a uma competição em que se impõe a conquista de boas colocações.


Fixados objetivos, traçados planos, cada um segue em busca de suas metas. Ao longo da vida é preciso conquistar sucessivas vitórias, derrubar barreiras, galgar degraus, para que se vá atingindo importantes patamares e se chegue a posições desejadas.


Então entra em cena um componente da maior importância: a determinação, isto é, a dedicação obstinada, a doação total, o dar o melhor de si mesmo! Ter determinação é exatamente isto: ter o poder de concentrar esforços na busca de objetivos, ser perseverante, lutar com denodo até a consecução dos ideais.


Sonhos e planos devem estar ancorados em motivação, na força do entusiasmo. Para realizá-los é preciso garra, empenho, briga pela conquista, esforço supremo para ultrapassar, uma a uma, todas as barreiras que costumeiramente se apresentam. Não existem provas fáceis nem testes despretensiosos quando as posições em jogo são relevantes.


Não se fazem grandes conquistas a não ser à custa de algum sacrifício, de dedicação por inteiro, de empenho até quase a exaustão. Muitas vezes, uma batalha apresenta-se difícil, os obstáculos se mostram quase intransponíveis; no entanto, se o esforço é grande, a vitória vem. E, nesses casos, traz consigo um sabor bem mais doce, característico dos triunfos maiores!


A fé é outro elemento importante, que deve estar sempre presente; sem ela, a luta pode ser inglória... Acredite num Deus, acredite em você! Acredite que sua vida está fadada ao sucesso. Tenha um ideal, vislumbre suas glórias futuras, seja obstinado e confiante, parta em busca das realizações!


Se os sonhos são bonitos, se a aspiração é valiosa, o sucesso cobrará de você dedicação total e empenho supremo, até o limite de sua capacidade. Mas certamente virá!

 

Fernando Velloso

 

CORPO E MENTE

 

Padrões de beleza física continuam sendo motivo de preocupação constante, tanto para homens quanto para mulheres. E, modernamente, com tal intensidade que, em muitos casos, chegam a se constituir em inquietação de ordem superior, em obsessiva perseguição a medidas e formas impostas pela mídia. De certa forma, tem até recrudescido a busca por formas físicas perfeitas, à semelhança das que são estampadas e apregoadas em revistas.

 Ignorando quase propositalmente que boa parte de imagens divulgadas resultam de cuidadosos trabalhos produzidos com uso de modernos recursos de computação, determinadas pessoas se impõem verdadeiros sacrifícios, procurando atingir aqueles ideais de beleza que lhes são apregoados, estampados em fotografias estrategicamente preparadas. Verifica-se, então, um grave erro, uma grande inversão: em vez de empenho por um corpo equilibrado e saudável, cometem-se excessos, com adoção de hábitos nocivos e desregrados, alguns absolutamente condenáveis.

 O cuidado com a própria saúde é – mais do que um direito – um dever de cada pessoa. Devemos nos empenhar para manter o perfeito equilíbrio de nosso corpo e zelar permanentemente pela manutenção de nossas melhores condições físicas e mentais. Mas, ao invés de preocupação exacerbada e exclusiva com os critérios ditados pela moda corrente, temos que estar permanentemente preocupados, também, com nossa evolução espiritual e cultural .

Tanto quanto um corpo são, é importante uma mente sã. É necessário que se dê atenção ao aperfeiçoamento dos princípios morais, ao fortalecimento dos ideais, ao aprimoramento da fé. Como cidadão, constrói-se imagem bonita e respeitada ao se demonstrar boa educação, etiqueta, respeito às leis e aos bons costumes.

Portanto, embora seja muito sugestivo acompanhar o que nos dita a moda, mais interessante do que seguir à risca sugestões e imposições de falsos profetas é procurar adotar comportamentos que resultem em aprimoramento tanto da beleza física quanto da saúde mental.  

 

A respeito de entrega

 

As palavras possuem importância capital. A ponto de o texto bíblico lhes atribuir a primeira manifestação divina: “no princípio era o Verbo; e o Verbo era Deus.” Elas se constituem na matéria-prima de que dispomos para exteriorizar ideias, compor frases, expressar sentimentos. 
                   No desfilar da ordenação rigorosa, desde o a até o z, das páginas do dicionário, um vocábulo, em meio a tantos outros – seus pares –, disfarçado como todos, quase escondido entre os demais – cada qual detentor de sua particular relevância –, é o motivo particular de nossa reflexão no momento: o vocábulo entregar-se.
                   Assim, em sua forma pronominal, vestindo-se com a acepção sentimental do “dedicar-se integralmente”, o verbo carrega uma força muito especial.  Empregado desse modo, assume dimensão emblemática de ordem superior: carrega em sua denotação a ideia de completa doação, de desprendimento total, de irrestrita confiança.
                    Feliz de quem faz jus à dedicação de alguém em tão acentuada escala; de quem se vê depositário de tamanho crédito; de quem se sente o porto seguro em relação a sentimentos e decisões de uma pessoa querida. Feliz de quem tem alguém que se lhe entregue integralmente, compartilhando seus mais importantes momentos, seus segredos, suas aspirações, suas mais delicadas decisões, sua vida.
                     Passa-lhe a pesar, contudo, em contrapartida, o dever de corresponder a tamanha demonstração de amor e afetividade, a honrar os nobres sentimentos que daí são advindos, a respeitar de modo irrestrito as confidências e sussurros que tenha aceitado de bom grado. Ninguém se deve conceder o direito de trair uma cumplicidade de tamanha monta!

                     Quanto a orientação de vida, parece oportuno que lembremos sempre a filosofia legada por Santo Inácio de Loyola: trabalhemos como se tudo dependesse de nós e nos entreguemos a Deus como se tudo dependesse dEle.

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TECENDO JUÍZOS

 

Acredita-se que Esopo, nascido na Grécia Antiga, tenha vivido entre 620 e 550 antes de Cristo. Foi escravo e imortalizou-se como o introdutor das fábulas, relatos curtos transmitindo sempre – explícita ou implicitamente – uma moral, um ensinamento. Apesar de não ter deixado registros escritos, o correr de suas fábulas pelos tempos o transformaram – ele próprio – em personagem quase mítica. Relembremos, a seguir, uma de suas mais significativas narrativas.

          Um rico mercador grego tinha um escravo corcunda e feio, porém dono de grande sabedoria.   Certa vez, ordenou-lhe: “aqui tens uma sacola cheia de moedas de ouro; corre ao mercado e compra o que há de melhor no mundo para um banquete”.
           Pouco depois, o homem voltou e colocou sobre a mesa um prato coberto por fino pano. O senhor, ao descobri-lo, ficou surpreso: “Ah, língua! Mas por que escolheste língua como o melhor do mundo?”  O criado explicou: “o que existe melhor do que a língua? É ela que nos une a todos, quando falamos. Sem a língua não poderíamos nos entender. A língua é a chave da ciência, o órgão da verdade e da razão. É fonte emissora de carinho, de ternura,  de compreensão. Com a língua se ensina; com a língua dizemos sim, com a língua dizemos eu te amo! O que pode haver melhor, senhor?” O mercador levantou-se entusiasmado: “muito bem! Realmente me trouxeste o que há de melhor. Toma agora esta outra sacola de moedas e traga o que julgas haver de pior”.
           Depois de algum tempo, o escravo voltou do mercado trazendo outro prato coberto.  O mercador, ao examiná-lo, ficou indignado: “o quê?  Língua?  Outra vez?  Não disseste  que  a  língua  era  o  que  havia  de  melhor?”  Então, o servo respondeu: “a língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de  todas  as  intrigas,  o início  de  todos os  processos,  a  mãe  de  todas  as  discussões... É  a  língua  que  separa a humanidade, que divide os povos. A língua é o órgão da mentira, da discórdia, da guerra. É ela que insulta, que corrompe.  Com a língua dizemos eu te odeio! Aí está, senhor, por que é a pior e a melhor de todas as coisas do mundo... Como sempre, cabe a nós decidirmos se a usaremos para o bem ou para o mal.”

                      Ao prestarmos reverência, uma vez mais, ao grande fabulista grego, concitamos a pensar na lição aqui contida: quanta cautela há que se ter ante a possível iminência de tecer comentários ou externar juízos, muitas vezes precipitados, tendenciosos, injustos e maldosos.

 

 

 


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