aman 62
Colisão na esquina
Caros Amigos,
Sempre que ouço um "cantar de pneus", seguido de vozes femininas, corro p'ra janela ou p'ra varanda, pois infalivelmente e diariamente, trata-se de uma colisão de veículos.
Com a propalada riqueza nacional:PIB de 6% ;facilidades na compra de veículos, moradias, celulares, motocicletas, e, especialmente na minha Fortaleza, com a aquisição de "patinetes" para os policiais desfilarem,ao custo de R$ de R$ 28.000,00 cada, os meus conterrâneos estão passando por uma sensação de riqueza.Apesar de o sertão ainda sobreviver às custas de carros-pipa conduzidos pelo Exército, de o tráfego em Fortaleza ser congestionado por carroças tracionadas por pais de famílias catadores de lixo, e bicicletas roubadas conduzidas por assaltantes, minha esquina é privilegiada!
Diariamente, há um encontro dessa riqueza nacional.
Um veículo, importado, dirigido por uma madame ao celular, cruza a preferencial e colide com outro importado conduzido por outra senhora ao celular.Descem de seus veículos, aproximam-se uma da outra e após uns dez minutos desfazem a ligação. Fazem xingamentos recíprocos, retomam o celular e ligam para os maridos.Com suas chegadas, mais uma hora de discussão serena, quando resolvem chamar a perícia.Mais outra hora, com a chegada dos peritos, desenhos no chão com spray, o catador de lixo com sua carroça no meio dos dois veículos, o assaltante com sua bicicleta no chão, para chegarem à conclusão de que não houve nada a não ser a bronca dos maridos.
O mais importante desta estória cotidiana, foi que, em nenhum momento, as motoristas causadoras do incidente e o consequente congestionamento do trânsito, tiraram seus celulares dos ouvidos.
O inusitado desta estória é que está acontecendo e eu tansmitindo ao vivo.
Castelo Branco, aposentado e observador de esquinas.