MEU NOME CAMURÇA

 

 

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Quando eu era menino, meu avô materno JOSÉ já tinha ditado para uma neta que morava em sua casa as origens do sobrenome Camurça.
A história foi assim: 
O Primeiro Capitão-mor(*) (nome ignorado) de Baturité veio de Portugal trazendo uma irmã viúva de nome Leocádia, com um filho de nome ANTÔNIO TIMÓTEO FERREIRA LIMA.
ANTÔNIO foi apelidado de CAMURÇA por ser muito branco, delicado, macio; alcunha que adotou como sobrenome.
Esclarece-se que CAMURÇA é um tipo de cabra montês, cujo habitat são os Apeninos ao norte da Itália, na divisa com a Suíça.
ANTÔNIO TIMÓTEO FERREIRA LIMA e ESCOLÁSTICA NOGUEIRA PINTO foram os pais de ANDRÉ NOGUEIRA PINTO CAMURÇA.
ANDRÉ NOGUEIRA PINTO ARAÚJO CAMURÇA se casou com MARIA ARAÚJO, filha de FRANCISCO JOSÉ e ÂNGELA ARAÚJO, e tiveram os seguintes filhos: FIRMINO, RAIMUNDO, JOAQUIM, FRANCISCO, ANTÔNIO, RICARDO, POMPÍLIO, MARIA, ÂNGELA, LUIZ, ANDRÉ, JOSÉ, CONEGUNDES, AMÉLIA e NILA. Foram apenas quinze filhos. Uma prole numerosa pelo visto.
Muitos irmãos de meu avô JOSÉ, inclusive ele, foram para a Amazônia, desembarcando em Manaus e continuando sua viagem pelos afluentes do rio Amazonas. Chegaram ao que é hoje o Estado de Rondônia, capital Porto Velho. Meu avô regressou enquanto tinha saúde, e aqui se casou com minha avó Lídia, em Canindé.
Ainda hoje, Camurça tem seus domínios espalhados pelo Norte (Rondônia) e pelo interior do Ceará: Mulungu, Canindé, Maracanaú, Aratuba, Quixadá e Quixeramobim. Basta escrever o nome Camurça nos sites de busca e o que você vai achar é uma surpresa interessante.
Mas, nas minhas andanças pelo Brasil, vez por outra, um companheiro do Exército me chama de Rebouças. Não tem nada a ver com o meu nome. Eu digo que é meu nome espírita, com todo o respeito. Mas, no Recife, um borracheiro já escreveu num pneu furado “Caramassa”...
Camursa com S é o campeão. O vice-campeão é o Camuça sem o R. 
A realidade maior é que o meu nome de guerra é inédito e não há outro oficial com sobrenome homônimo.

E assim, vou conduzindo meu nome sem maiores problemas culturais...

 

 

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(*) NOTA DA REDAÇÃO: Capitão-mor era a designação para cada um dos oficiais militares, responsáveis pelo comando das tropas de Ordenança em cada cidade, vila ou concelho de Portugal, entre os séculos XVI e XIX. A designação foi também aplicada a outras funções militares e administrativas na Marinha e no Ultramar Português. Foi uma designação de uso corrente no Brasil à época colonial.