Caros amigos,

Último dia 04 Ago, aproveitando minha consulta rotineira ao HGeF, percorri os corredores daquela casa, em que pretendo passar meus últimos momentos, visitando amigos e companheiros ali internados. Especificamente, procurei um amigo que não via há mais de 40 anos.Ao adentrar no apto sabia tratar-se do querido amigo José da Cunha Barros Filho, o português, a quem não reconheci fisionomicamente pelo desgaste do seu estado de saúde.Conversando com sua esposa,a qual desconhecia, pois era viúvo e casado pela segunda vez, ouvi aquela voz trêmula a balbuciar o meu nome por completo e transmitir pelo pouco brilho de seus olhos, a satisfação e agradecimento em receber minha visita e encontrar-me após mais de 40 anos.

Diante da dificuldade em falar, dirigiu-me uma significativa homenagem em seu leito moribundo. Uma perfeita continência, com dedos em riste e com atitude, gesto e duração.Saí do local aos prantos, pois não sabia o significado da maior homenagem que recebi.Não sabia se era respeito ao nosso passado, agradecimento pela visita ou satisfação em rever o amigo de longa data.Faleceu no dia seguinte e ficou na minha memória aquela perfeita continência que poucos militares de hoje sabem executar com atitude ,gesto e duração.

Paulo Cesar Romero Castelo Branco, de luto pelo amigo que se foi.