aman 62

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ary Carlos Castilho


 

 

OBITUÁRIO - Zero Hora

 

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Mensagem recebida pelo Tuducax Hiram do Cel Athaydes Cav/56, amigo do Castilho:

Estimado Hiram

Peguei o teu rastro eletrônico na relação da Turma AMAM/¨62 e desejo remeter-te essa poesia, em anexo. Compus esta poesia em homenagem ao nosso querido amigo, e meu conterrâneo, Castilho. Como passei a denominá-lo, depois de seu recente e sentido passamento, o "Mito Velho Braz". E digo "Mito", no sentido daquelas entidades que, com os "Heróis", vindos dos primórdios da Civilização Ocidental, com os Gregos e os Romanos, foram criadas, no imaginário popular, para vários fins. Mas, principalmente, para servirem de exemplo e motivação para os jovens, assim como emprestarem confiança e auto-estima, para os mais experientes.


Assim, os nossos polistas-maiores, que o foram em vida, devemos transforma-los em "Mitos", após a morte, para que cumpram as finalidades citadas. Especificamente, para os Cavalarianos de hoje, Blindados, mas que, nem por isso, devam ficar alheios ou alienados com relação às tradições equestres da nossa " Arma de Heróis"! Os polistas que cito, talvez com algumas exceções, devem ser desconhecidos para ti. Eu, um pouco mais antigo, os conheci a todos e, por isso, sinto-me no dever de proclamar seus nomes. Mas, nem por isso, deixarás de apaudi-los e deleitar-te com suas presenças, no "campo dos sonhos" da "Estância do Céu", mesmo na imaginação! E, quando for a nossa vez de lá chegarmos, já saberemos onde os achar e lá conviveremos com eles, em Paz e para sempre. Assim penso, em relação ao meu querido amigo Castilho, que conheci gurizito, de uns 6 anos, lá na nossa Terra, São Gabriel. Vi-o crescer, foi meu cadete, meu tenente e hoje espera aqueles, como nós, com quem conviveu e amou a Cavalaria, essa sim, Imortal. Um grande e fraterno abraço, do companheiro, sempre às ordens, Athaydes.

NB Este texto foi o mesmo que enviei aos cavalarianos. Mas, tenho a certeza, saberás compartilhar conosco desta homenagem para com teu companheiro de Turma. Continuas, sempre, no meu pensamento e no meu coração, Mais um forte abraço do Athaydes.

 

Castilho, o “Velho Braz”, para os seus amigos mais íntimos, partiu!!! Corajoso e discreto, como sempre viveu, saiu para empreender a grande viajada. Até a “Estância do Céu”. A mais cobiçada e lindaça de todo o vizindário! Lá, o polo corre frouxo, todo o ano. Não chove nem venta, nunca. E a grama se mantém verdinha e parelita, barbaidade! E o campo, então! Planito, nivelado, sem descaídas e sem buracos! E os craques que ali estão reunidos, nesse campo que é um sonho!? Nem se acredita! Só chegando mais perto, pra se ver. E a assistência, quando tem jogo!? Anjos puros! Em revoadas, disputando os melhores lugares para assistirem à disputa! E o Santo Cavalariano, São Jorge? Doente por polo! Dia de jogo, abandona o seu instrumento de trabalho, a lança, e parte para o campo. É o primeiro a chegar! E o Dragão, perigoso? Deixa-o trancado numa baia, com toda a segurança!...E lá chega ele no campo! Todo pachola, montado no seu pingo Branco. Botas e esporas,como um gaúcho de lei! E tem suas preferências pelos jogadores! O Minhão, por exemplo. O polista mais antigo, entre os que continuam jogando, no “campo dos sonhos”! Consta, até, que é compadre do Sâo Jorge..

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E quem é aquele homenzarrão, ali, distendendo o cavalo? Pois aquele é o Minhão! Apelido..., abreviatura de “caminhão”!..Naturalmente pelo tamanho e pela força no braço! O nome verdadeiro é Anaurelino Avila. Da Turma de 20 e crioulo de Dom Pedrito! Com um time formado naquela cidade, reunindo os melhores polistas militares da fronteira, fez história!!! Venceram um Campeonato Internacional, em Montevidéu, em 1935!!! Jogando contra os melhores times da América do Sul! Coisa nunca vista!!! Nem antes nem depois dele!Um Herói do polo. Pena que hoje quase ninguém sabe disso! Ainda bem que aquela “Velha Guarda”, que se reúne no 3°RCGd, sem trocadilho, ainda “guarda” a memória da querida Cavalaria Hipo! Ali, mais adiante, estão o Franco Pontes e o Juca Portinho. Dois exímios craques, já das turmas de 22 e 23. Fizeram suas carreiras pelo Rio e São Paulo, as “Mecas” do polo no século passado. Tolentino (48), Rangel (48), Fidélis (49) e Simão (49), Da “geração de ouro” do polo militar brasileiro!Todos campeões brasileiros, na década de 50. Quando os “milicos” eram os “reis” do esporte dos Reis! Fabres (56) e Brilhante (59). Mais modernos (ou mais novos) do que os da “geração de ouro” Mas não menos “brilhantes”!...Já foram contemporâneos do Castilho (62), uma geração mais nova. Com ele, venceram o Campeonato Brasileiro de 1973, mantendo a tradição da “geração de ouro”!

 

Resumindo: nove “cobras criadas”, os melhores, das décadas de 20 a 60! Reunidos no “campo dos sonhos”, para recepcionar e homenagear o Velho Braz! Mas acaba de juntar-se ao grupo um civil. Chegado à “Estância” apenas dois dias antes do Castilho. É um “paisano”, mas muito aquerenciado com os “milicos”. Foi parceiro, e jogou ao lado de todos que lá estão. Até porque, só atendeu ao chamado do “Patrão da Estância” aos 92 anos! Mas olhem! É o Lia Pires!!! Grande causídico dos Pampas! Todos o conhecem... Não precisa de apresentações! Mas vejam! Trás um livro nas mãos. É um “Forbes”! Amarelecido, já, pelo tempo e pelo manuseio!...Mas serviu muito! O inglês que o escreveu, no início do Sec XX, ali deixou, para sempre, a sua contribuição! As regras, as técnicas, as táticas. Os “macetes” e tudo o que diz respeito ao polo ali está. Naquele livro, na mão do Lia Pires!

 

Mas, voltemos ao jogo, que é disso que se trata. Vamos ver como se repartem os jogadores para cada time. Para quem não conhece bem o esporte, é bom recordar! São 4 jogadores para cada lado. E, no polo, são três juízes. Dois montados e, um terceiro, nas tábuas. Assim se costuma dizer. Um verdadeiro castigo ficar de juiz! Pois todos querem é jogar. Vejamos o que acontece, nesse “Polo no Céu”.

 

Naturalmente, por direito de ofício e por ser o último a chegar, o Lia Pires conquista uma vaga de juiz! Veterano na lida, já sabia disso!...Tanto é que já trouxe o seu “Forbes”, caso surja alguma encrenca! Na interpretação das regras, não entre os jogadores, naturalmente!...! Mas o jogo já está para começar e ainda não se arrumaram os times! Continua a sobrar gente! Eram 10 milicos (com o homenageado). Chegou o Lia Pires e o número de jogadores subiu para 11. Saiu o Lia Pires, para juiz, voltou para 10. Vão sobrar 2! E o Castilho, ainda novato no Céu, serenamente a tudo observa. Mas em nada se mete, como é do seu temperamento! Corajoso, discreto e modesto viveu!...E assim chegou lá! Mas a coisa não se resolve! Ainda bem que não escurece! Muito menos, no Céu, anoitece!

 

Mas o jogo tem de começar. Os anjos, ruflando as asas, já começam a demonstrar impaciência! Falta grave no Céu! Onde deve prevalecer a paz e a tolerância! “Seu” Minhão encara a responsabilidade! É o mais antigo! Pede o apito ao Lia Pires e usa-o! Convoca os mais antigos que se seguem: Franco Pontes e Juca Portinho. Confabulam. Volta cada qual para o seu grupo. Apelam para a boa-vontade, virtude abundante no Céu! Um, mais sensível, atende ao apelo e se oferece. Pronto, já tem dois juízes! Mas ainda falta um terceiro! Há um movimento entre os presentes, mas ninguém se manifesta!...Então, é a vez do Castilho pronunciar-se. Modestamente, se oferece. Mas o “Seu” Minhão não aceita! É justo e sábio! Lá do Céu acompanhou, por muito tempo, a carreira dele. Sabe de suas excepcionais qualidades! Por isso, proclama a sua Sentença: Num dos times do Céu o Castilho vai jogar! Seu lugar é Sagrado!!!

 

E, assim, explicados os versos, trata-se de lê-los. Como uma singela homenagem, que são. A quem muito fez pelo polo! Por mais de 30 anos! No meio civil e no meio militar! Como para receber manifestações muito mais significativas! Que certamente virão! E motivarão os mais jovens e os mais sensíveis, de inicio. Depois, os de todas as idades seguirão os exemplos que nos legou! Pois disso é que se trata, para todos: SEGUIR OS SEUS EXEMPLOS!!!

 

 

O Polo No Céu

Armas em Funeral! O “Velho Braz” partiu!
Corajoso e discreto!...Como sempre viveu!
Chegou um Gaúcho, na “Estância do Céu”!
E o Polo de lá, mais um Craque acolheu!

 

Parece num sonho!... Encontra-los em campo!...
“Seu” Minhão, Franco Pontes, o Juca Portinho,
Escolhendo seus tacos, distendendo os cavalos,
E nas tábuas, mais Craques, formando grupinhos.

 

Estão prontos pro jogo!...O Simão, o Fidélis,
Tolentino, Rangel, o Fabreco, o Brilhante,
Recordando torneios, discutindo jogadas,
Elogiando montadas, de agora e de antes.

 

Nove “Cobras-criadas”!...E um civil aparece!
Tem mais de dois times!...Alguém vai sobrar!
Lia Pires..., paisano, mais na lida um azogue!...
Com seu “Forbes” na mão..., decidiu apitar!

 

Outro Juiz se apresenta!...Mas falta o Terceiro!...
E o Castilho, modesto..., há pouco chegado,
Se oferece..., mas ouve do Minhão a sentença:
“Num dos Times do Céu, teu lugar é Sagrado!!!

Cel Cav Ref Carlos Athaydes de Lima Alves

carlosathaydes@gmail.com Turma AMAN 56

 

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Palavras proferidas pelo Gen Paulo Chagas durante a Missa de Sétimo Dia celebrada no Oratório do Soldado - SMU - Brasília/DF:

 

Cel Ary Carlos Castilho


É triste e desolador perder um amigo.


Pior ainda quando se trata de um grande amigo.


Mais triste e desolador se torna quando este, além de grande amigo, é também um ídolo, um exemplo, um “guru”!


Na Índia e na Indonésia, o termo "guru" é empregado para indicar um "professor", uma pessoa que tem autoridade por causa do seu conhecimento ou perícia em algum campo.


O adjetivo significa repleto de conhecimento, sabedoria e boas qualidades.


O “guru” é aquele que faz dissipar a escuridão, usando a luz da sabedoria, assim como o fizeram os Profetas e os Apóstolos!


Ao nosso “guru” chamávamos de “Velho Braz”!  Não porque fosse velho, mas porque era sábio, afável e experiente!  E, por isto mesmo, quando o vemos partir, à sensação de perda se soma agora a de insegurança e nos perguntamos intimamente: E agora, o que vamos fazer? Como, onde e com quem vamos buscar o conhecimento, a orientação, a serenidade, o apoio?


É assim que se sentem todos que, como eu, de alguma forma, conheceram e conviveram com o Cel Castilho, desde a hora em que receberam a triste notícia do seu passamento.


Conheci-o quando ele era, ainda, um jovem Tenente, servindo no 8ºRC, Uruguaiana. Ao mesmo tempo em que o conhecia, ouvia meu pai, então um experimentado Tenente-Coronel da nossa Arma, dizer com orgulho, quando a ele se referia: “É o melhor Tenente de Cavalaria do Exército!”


Sempre foi o melhor, impondo-se pelo resultado e pela evidência, jamais pela retórica!


Nunca mais deixei de admirá-lo e de tomá-lo como exemplo, de ouvi-lo e de consultá-lo, sempre que possível e necessário. Muitos dos aqui presentes e, com certeza, quase toda a minha geração assim o fez.


Damos todos graças à Providência por nossos caminhos, por diversas vezes, se terem cruzado com o dele e de sua família, não apenas nos campos de pólo ou nas pistas de salto, mas no caminhar cigano da vida de soldado, desde a Academia até sua última parada, em Uruguaiana, onde repousa seu corpo...
Com ele aprendemos, principalmente, que mais importante do que vencer é jogar certo, filosofia do esporte que, pela mensagem de caráter, de correção, de humildade e de honestidade que encerra, levamos para a vida.


Ele jogou certo a vida inteira, e, do alto de suas virtudes, tendo humildade para perder, foi sempre vitorioso e passa para a história do Exército e do pólo brasileiros, conquistando espaço permanente na memória e no coração de todos que, como eu, tiveram a ventura de conhecê-lo e, mais do que isto, de integrar a extensa lista dos seus amigos.


É assim que nos sentimos e compartilhamos com os seus entes queridos a falta do “Velho Braz”! É difícil, mesmo à distância, conter as lágrimas, mas é fácil saber, entender e acreditar que a alma de um homem com tantos predicados e com tantos amigos não tenha outro destino que o Céu e o acolhimento privilegiado do Pai Eterno!


Nós, que aqui ainda ficamos, buscaremos sempre honrar sua memória, sua amizade, seus ensinamentos e suas convicções de soldado, cavaleiro e polista!


Que a Paz esteja com ele!


Amém!

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Texto de autoria do Janir Moraes (Cav) e lido pelo Fonseca (Eng), na Missa de Sétimo Dia celebrada na Igreja de Santo Expedito.

 

Brasília, 3 de janeiro de 2011


Igreja de Santo Expedito e São Miguel Arcanjo

 

Missa de sétimo dia


Tenente­-coronel de Cavalaria Ary Carlos Castilho


Natural de São Gabriel, Rio Grande do Sul, egressou da AMAN em 1962, na turma Duque de Caxias. Muito estimado, responsável, sério, elevado espírito de liderança e um grande amigo e companheiro de todos. Excelente cavaleiro, cursou a escola de equitação e foi instrutor dessa atividade no Paraguai, no tempo da Missão Militar Brasileira de Instrução naquele país. Dedicou-se ao polo, sendo um dos mais brilhantes atletas brasileiros nessa atividade. Ao ingressar na reserva do Exército, radicou-se em Uruguaiana, cidade em que havia servido e cidade natal de sua esposa, Clara. Dedicou-se integralmente a sua paixão, o polo, fundando um time em sua cidade, ligado ao Círculo Militar da guarnição. Tal o seu prestígio que, em Uruguaiana, passou a ocorrer, anualmente, um torneio internacional de polo, com participação de equipes do Rio Grande do Sul e de São Paulo, do Uruguai e da Argentina e até de brasileiros radicados na Europa. Em decorrência de sua atividade, tornou-se exímio conhecedor de cavalos, resultando que muitos cavaleiros a ele recorressem, seja para consultar sobre cavalos para esporte, seja para encomendar cavalos com características especiais que ele conseguia, mercê de suas relações, no país e no exterior.


Foi esse o companheiro que perdemos há sete dias. A ele, sua turma de formação, agora uma associação recreativa, cultural e de apoio social, denominada Atuducax, presta sua homenagem, elevando suas preces a Deus, para que o receba em seu reino, e que, de lá, interceda por sua família e por seus amigos.


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É  uma triste notícia!

Apesar de não ter tido muito contato, depois de oficiais, foi um grande amigo, quando cadetes. Companheiros de apartamento, no Curso Básico, aprendi a admirá-lo, como pessoa e militar de primeira linha! Cavalariano e cavaleiro de escol deixa uma lacuna enorme na Tuducax!

Que os amigos de 62, mais cedo apresentados ao Comandante Maior, o recebam com as pompas que merece!

Nossos sentimentos à Família e amigos

Xavier

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Prezados amigos:
Lamento muitíssimo o ocorrido. O Castilho era uma pessoa finíssima, tão cavalheiro como cavaleiro. Na minha primeira passagem como instrutor na AMAN tivemos bons contatos quando ele era instrutor da Seção de Equitação.
 
Amaury

 

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Morreu na madrugada desta terça-feira [1h], 28/12, o tenente-coronel Ary Carlos Castilho, 71 anos. Homem ligado ao desporto, principalmente, ao Polo, estando sempre integrado ao Círculo Militar e à comunidade uruguaianense. Castilho deixou quatro filhos e viúva. o Sepultamento ocorreu às 16h10min.

 

Jornal Tribuna de Uruguaiana – 29/12/2010

 

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Anônimo disse...

MILITAR CORRETO, HOMEM JUSTO URUGUAIANA PERDE!!
O PATRÃO VELHO RECEBE UM EXEMPLO PARA SUAS FILEIRAS .CONDOLÊNCIAS A FAMÍLIA .SOU MEDICO E LEMBRO O QUANTO ADMIRÁVAMOS O CEL CASTILHO

Jornal Tribuna de Uruguaiana - 28/12/10 17:26

 

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HOMEM DIGNO. CIDADÃO INCOMUM, POSSUIDOR DE VALORES E PRINCÍPIOS QUE SERVIRAM DE EXEMPLO A INÚMERAS GERAÇÕES DE CIVIS E MILITARES. RESPEITADO E RESPEITADOR. ÍCONE ENTRE OS SEUS PARES. DEIXA UM ENORME LEGADO DESPORTIVO, MORAL E FAMILIAR.
MARCELO MARTINS

Jornal Tribuna de Uruguaiana - 29/12/10 09:03