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A  31 de outubro de 2005, nosso amigo Carlos Xavier Filho declamou – de sua autoria – o poema “MEIO SÉCULO”, homenageando a Turma Duque de Caxias, durante o Encontro Nacional TUDUCAX realizado em Salvador, BA.


Quinze anos passados, ao comemorarmos o Dia Mundial da Poesia, julgamos oportuno relembrar aqueles belos versos, ao tempo em que, com muita satisfação, saudamos o recente restabelecimento completo do caro companheiro Carlô.

 

 MEIO SÉCULO

 

Cinquenta anos quase já se vão
Que eu te conheci, querido irmão!
E, aqui, quero fazer este elogio:
Foi em lugar bem próximo do Rio,
Resende, marginal do Paraíba.
Garotos dos Brasis de abaixo a arriba,
Se juntam para honrar a um só Brasil,
Em sonhos de juventude varonil.
Soldados já formados os baleiros,
Deslumbrados e nervosos os bombeiros.
Na lida diária, Macuco, Carrapicho,
“Gagá” do desespero, a “rep” assusta o bicho.
O sacrifício, a saudade da família,
Nas noites de serviço, as horas de vigília.
As namoradas, as noivas, as gurias,
Que falta elas nos fazem nesses dias.
Gaúcho da fronteira pampesina,
Arataca, curtido da seca nordestina,
Carioca, com ginga de sambista,
Estudioso e correto, esse paulista.
De origem alemã, judia ou japonesa,
Árabe, espanhola ou portuguesa.
Pretos, brancos, mulatos, amarelos,
De cadete, fardados, muito belos!
Vêm todos à Bandeira se entregar
E à Pátria amada servir e venerar!
Após três anos, retornam aos Brasis
E adestram seus soldados no uso dos fuzis.
Espalham seus conceitos de amor e retidão,
Formando a juventude, criando o cidadão.
No cadinho do dever amalgamados,
Na ética da vida, por Deus abençoados.
A cada ano aprendendo a conhecer
O povo e o chão que amam p’rá valer.
Constituem famílias, fazem filhos
Que no futuro seguirão seus trilhos.

Escolhem companheiras e amantes
Que lhes farão as vidas mais brilhantes,
Pois elas, a caserna compreendendo,
Vão, deles, o sucesso promovendo.
Seguem fiéis o juramento do soldado,
Pois até morrem pelo solo tão amado.
Galgam postos, procuram outras vias,
Mas rejeitam as benesses de ricas cortesias.
Prosseguem na busca do sublime objetivo
Que a força de seus braços mantém perene e vivo,
De fazer, deste País, a Pátria tão sonhada,
Que seja rica, forte, de gente libertada.
Essas fotos que trazem junto ao peito
Retratam, quando jovens, o seu jeito.
Agora têm os corpos já cansados,
Mas, dentro, corações ainda apaixonados.
Da luta, mesmo fracos, não desistem,
Apesar dos pesares que persistem.
E hoje, aqui de novo reunidos,
Recordam o vigor dos tempos idos
E, claro, p’ro futuro fazem planos,
Ainda que lhes sobrem menos anos,
Pois sabem que os amigos apressados,
Mais cedo, ao Criador, apresentados,
Reunidos, também, no Paraíso,
Socorro lhes trarão, se for preciso.
E, seguindo, na velhice, a diretriz
De amar cada vez mais este País,
Os últimos dirão, já bem depois:
Que bom é reunir nossa Turma, meia dois!