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Luiz Gonzaga Filho


 

 

LUIZ GONZAGA FILHO

 

Gonzaguinha, assim o chamávamos todos nós seus amigos, desde o ingresso na Escola Preparatória de Cadetes de São Paulo, em 05 março de 1957.  O diminutivo do seu nome de guerra surgiu, naturalmente, não somente pela mediana estatura,  mas, principalmente, pela sua afabilidade, escondida por trás de tímidos sorrisos.  Aproveitava todos os licenciamentos para livrar-se dos “amáveis veteranos laranjeiras”, passando-os em Campinas, onde deixara namorada firme, com quem se casaria,  mais tarde,  após o aspirantado. A seriedade nas lides da caserna não o impedia de participar de um bom papo, de apreciar e jogar conversa fora, com  muito bom humor e  e pitadas de perspicácia. Agradáveis lembranças deste estimado companheiro, maiores do que a convivência em salas de aula da EsPSP e da AMAN, encontrei-as na EsAO, quando residimos no mesmo prédio, na Rua Gen Savaget, na Vila Militar. Mais do que meu companheiro de estudo, à noite, ele foi protagonista de um fato hilário, que se tornou importante para mim, guardado com muito apreço . Sabedor do meu compromisso de  honra de abster-me, por um ano, do terrível vício de fumar, durante meses tentou-me com ofertas de um   Minister.. Sua moleque insistência levou-me a fumar, dois dias antes do prazo, quando ao acender meu cigarro, soltou um largo e sarcástico sorriso, ressaltando que havia quebrado a minha palavra de honra..
Por mais de dois anos, após a EsAO, tivemos estreita convivência, morando na Vila de Oficiais, em Uberlândia. Voltamos a nos encontrar na AMAN, em 1992, relebrando, com muitas gargalhadas,  aquele  episódio do Minister, que me fez parar de fumar. Creio, que, no plano lá de cima, ele nos aguarda, com imensa alegria.

 

Escrito por PAIXÃO-1159.

   

 

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Setembro de 2008. Cidade do Guará, Brasília DF. Não havia ninguém na rua. O Gonzaga resolveu atravessar fora da faixa,  tropeçou no buraco do asfalto e caiu. O ônibus que trafegava na via não teve tempo de parar.  Ficou 7 dias na UTI do hospital. Não resistiu à uma infecção. Partiu o amigo de tantas jornadas. Nossas lembranças remontam à viagem  de trem do Rio para São Paulo, rumo à  apresentação na Escola Preparatória, quando comentávamos sobre o mundo desconhecido que nos esperava. Nos encontramos novamente no comando de unidades , na mesma guarnição. Organizado e profundo conhecedor dos regulamentos, recebeu a missão de reorganizar o 7º BIB  no seu novo aquartelamento. O 7º BIB deve a ele a eficiência de seu funcionamento nas novas  instalações. Foi o reconhecimento do Cmt da Brigada, nosso ex-instrutor na Preparatória. Continuamos, na reserva, a conviver com as famílias em Brasília. Dotado de excelente memória, era a ele que eu recorria  sempre que precisava de um esclarecimento ou notícias sobre algum companheiro. Sempre foi de extrema correção. Não se queixou da sorte. Atribuiu a si a culpa pelo acidente. Mesmo ferido, conseguiu orientar à sua família e declarar a inocência do motorista do ônibus. Ao grande amigo, as minhas homenagens nesse registro. Que o Senhor lhe reserve um lugar à altura do seu caráter.

 

 J. Guagliani Bravo

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