LENCA MARQUES

 

 

Xavier escreveu: Há cerca de dois anos, ganhei, do "Véio Rocha", o livro "Águas do Alcantil", de autoria de sua filha, Lenca Marques. Com outras leituras e afazeres, somente neste janeiro tive oportunidade de dedicar-me a ele. Arrependo-me dessa demora. A leitura fluiu tão rápido que durou, apenas, dois dias. Somente uma palavra para definí-lo: Encantador! Demonstra uma enorme capacidade da autora em descrever, sem ser maçante, os ambientes naturais onde a trama se desenvolve, aliada a profundo conhecimento de aspectos referentes à utilização dos recursos desses ambientes, com a preocupação de preservá-los. Tudo isso emoldurado por uma linda estória, onde se destacam valores, de há muito, relaxados. Parabéns!
Abaixo o texto de apresentação do livro.
Concito os companheiros Tuducax à leitura desse magnífico trabalho.
Mais informações na página: www.edimagem.com.br
Apresentação:
O que há de encantador em Águas do Alcantil é a sensação de beatitude transmitida ao leitor. A bem-aventurança brota da leitura que acompanha a luta de Giolian — a guardiã das nascentes — pela preservação de valores que só se afirmam quando homem e natureza se encontram em perfeito estado de comunhão.
A estória, que se assemelha a um conto de encantamento, transcorre em tempo e em espaço alheios à outra lógica que não seja a da ficção e, por isso mesmo, a comunidade em que se passa a ação identifica-se a um lugarejo perdido, paradisíaco, cujo modo de vida é agrário e baseado nas relações de troca. Tais características, que podem ser identificadas com modos de vida do medievo, recuperam veios românticos tão preciosos em tempos de secura e de devastação como os que vivemos.

A autora, fazendo par aos seus personagens, se coloca na perspectiva da artesã e constrói uma escrita-renda delicada, trançada pelos fios da poesia. Ao sabor das águas que rolam pelas rochas do Alcantil, o leitor flui, atravessando os domínios de uma linguagem prenhe de imagens femininas, relativas ao amor, à família, à gestação, à nutrição e, antes, à floração do desejo e à conseqüente assunção da sexualidade.

Maria Luiza de Castro da Silva
Dra em Literatura Comparada.