aman 62

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

         

Crônicas do Cruzeiro Marítimo no Opera

De repente, o mundo vira Ópera

 

Hiram Câmara

 

Na idade em que estou, tenho ficado perito em, ao acordar, sentar-me na cama, procurar o chinelo com os pés, achá-los, calçá-los, tudo de olho fechado, impelido pelo fato de que, estando no Opera, não dá para ficar dormindo.

Cada dois minutos de sono valem cerca de 2 dólares, jogados fora, em roncos. E apesar do estímulo: - “Tá na hora do café!!!” .Foi, mesmo, o estrondo vaso-valvular do banheiro o que me despertou de vez.
E, assim, de repente, dei-me conta de que aquele espelho não deveria estar ali, tão de frente para quem acorda. Nunca tinha me visto acordar em um espelho, nos últimos anos, e peço desculpas a quem me viu. O olho inchado, a visão meio turva, ainda sem óculos, mas o suficiente para concluir que o espelho não devia estar ali. Imagina que não tem problema de visão!

Mas, em todo o caso, foi bom acordar. Aliás, sempre acreditei que acordar no dia seguinte era algo salutar. Ficaria muito preocupado no dia em que você, companheiro navegante Tuducax, não acordasse, pois duas coisas poderiam lhe ter acontecido e, apenas a segunda seria a de você ter apostado que ia dar o golpe na “formatura do café” “self-service”.

Mas foi bom acordar, também, e olhar aquela ilha recoberta de um verde exuberante, e logo me veio a página da História com a cara daquele mau caráter que roubou o nome do Continente. Américo Vespúcio passou por ali, e descreve aquela área como a “porta do Paraíso. O verde exuberante, os pássaros de cores variadas emitindo cantos maviosos que só se igualavam em beleza à miríade de cores das flores que espargiam seu perfume pelo mais recôndito canto do Mar Oceano!” 1 Eita!
De onde eu estava não a via toda, mas estava com preguiça de me esticar para vê-la melhor. Se tivesse feito, não teria chamado a Cláudia para ver a Ilha Grande: “Chegamos!”, agravei ainda. Nem teria também ouvido: “ Que Ilha Grande...isto aqui é Búzios. Amanhã é que é Ilha Grande!”
Dei-me conta de como estava desligado do que passava fora do Opera. O Opera é meu mundo por quatro dias, e o espaço lá fora existia para mim, como existe o espaço sideral. Fosse Ilha Grande ou Búzios, estava tão fora dos limites de meu mundo, quanto Marte.
Aí, me levantei de vez. E vi que era uma ilhazinha ridícula, que nem aquela citação fajuta mereceria. Pelada, daquelas que seriam de uma sombra só, pois só lhes caberia uma árvore. Se esta existisse.
O navio estava ancorado. Em vão, da varanda, procurei o porto. Não havia sequer um ancoradouro. Opa, taí um dia bom para outro exercício de desembarque! Ou para algum aventureiro tentar bater o recorde do prático de ontem, em seu salto maravilhoso.
E até agora “pego” de “maginá” o que teria acontecido se o gajo erra o pulo. Aliás, lembrei-me de uma piada ótima de um português que erra o pulo de cima do armário, na hora de amar. Mas neste horário não dá para contar. Em todo o caso, fica minha impressão de que, como na piada, se o gajo fosse mesmo prático, arranjaria outra tecnologia.

Sobre a escrivaninha, dócil como se fosse um desses jornais que tem muitas dívidas, estava o Boletim do Navio.
Pelo sistema de som, o Comandante avisa, intermitantemente, de empresas que agenciam passeio até Búzios. As razões eram muitas para os que queriam uma desculpa para ir à terra. Ouvi uma senhora que não era da família Tuducax dizendo que era menina, quando Brigite Bardot e Bob Zaguri estiveram em Búzios. Eu respeito esta coisa de idade de mulher. É algo que realmente respeito. Sequer comento. Mas aquela não dava. Trinta, quarenta anos, no mínimo, desde quando Brigitte esteve aqui. Não gosto dessa coisa de enganar idade. É uma bobagem. Veja o exemplo do Véio Rocha, que nunca enganou ter completado bem uns cinqüenta anos, aliás como todos nós. E continuamos todos jovens! E, assim vai ser, até comemorarmos 70, 80 anos de Aspirantado. ( Mas sem brincadeira: alguém ai, do outro lado da telinha, assistiu ao filme Cocoon?Se não assistiu, e se achar em locadora, não deixe de vê-lo. )

O café da manhã está para terminar e ainda estou fazendo a barba. Olho o espelho do banheiro com menos rigor do que me flagrei no espelho de quando acordei. Creio que seja o creme de barbear. Fez-me parecer, um pouco, com o D. Pedro II. Mas vejo que é verdade o que um de nossos companheiros disse ontem, sobre as “entradas” que crescem sem cerimônia, como se fosse o desmatamento da Mata Atlântica.

Depois do café, o sistema de som continua a chamar para programas em terra.
Aliás, vocês prestaram atenção nas lanchas que levarão os nossos “fuzileiros” à terra? De longe, na água, parecem aqueles remédios em cápsulas, flutuando. Bem, estes estão, realmente, concretizando o desembarque.

Lembrei-me de um exercício da ECEME de Operações Anfíbias, em Santa Catarina. Do Rio até Itajaí em um navio transporte da Marinha, o Golf 16. Os de Cavalaria apaeridaram-no de “transatlântico queixo-duro”. Enquanto para treinamento militar foi muito bom,primeiro pelo acerto de minha decisão de ir para o Exército, enquanto meu irmão foi para a Marinha. Foi bom também porque vimos que não é mole planejar enquanto o “queixo-duro” galopava as ondas. E não havia quem conseguisse deixar de ficar mareado e uma coisa aprendemos: fazer estudo na carta mareado, não é para qualquer um. E à noite? Se a proa embica para cima, os pés batem na guarda norte da cama. Se embica para baixo, sua cabeça bate no sul. É muito bom estar no Opera.

A mesa do “escritório” está concorrida. Laércio, Helena, Mendes, Alda, Mota Mendes, Neuza e Cláudia. Coloquei neste ordem, pelo raro que é, pois se quiséssemos mostrar como estavam organizados na mesa, era: Laércio, Mendes, Mota Mendes, de um lado, e Helena, Alda e Neuza e Cláudia, do outro. Loureiro e Marlene passaram, mas estão em permanente périplo, completarão o ciclo, ainda de duas a três vezes, até o final do dia.

Incrível: acabam de passar os primeiros para o almoço. Um grupo inteiro de japoneses. Mas como, se era o mesmo que havia estado no mesmo horário em que sorvi café ( segundo um estimado Tuducax quando era Capitão na AMAN, aconselhando, com uma gozação daquelas sem sorrir, um jovem tenente instrutor: “militar não pode dar aula, tomar água nem levar pau no exame; ficaria melhor substituir por ministrar aula, sorver água e ser reprovado; o Tenente, incauto mas altivo, “abriu a guarda”: “ Mas Capitão, por favor, o senhor ainda se preocupa com isto, Capitão? , obviamente, se referindo à referência das conotações pornográficas daqueles verbos. E o Capitão respondeu; “eu me preocupo, sim, por quê? Você está começando a deixar de se preocupar com isto?” O Tenente percebeu a “pegadinha” em que tinha caído. E o nosso estimado Capitão de então, atingiu postos de sucesso na Força e –só por curiosidade - continuou preocupado até hoje.

Mas voltemos ao grupo de japoneses. Não é que, enquanto conversava com o Mota Mendes, eu os vi entrando no restaurante self-service do 11º. Deck, quase 11 horas e menos de uma hora depois, já de volta! Parece filme do Felini: comer, comer, comer! Mudavam de roupa e voltavam. Quer dizer quem tem que abrir os olhinhos é o Comandante do navio. Tenho certeza que os vi, de meu observatório, `a mesa do escritório. O grupo de japoneses é inconfundível! Mas apesar de tentar deixar de me impressionar por tão pouco, já antes das duas, de novo, já me preparava para almoçar, quando aqueles vorazes nipônicos atacaram outra vez! Uns apareciam de cores berrantes, outros não, mas cada um devia ter a fome de um samurai do Kurosawa. Ou, dos sete.

Eram quase três horas quando resolvi dar o grito de “ Banzai” e atacar o “self -service”, compensando não haver tomado, quer dizer, sorvido o café da manhã.

Enquanto almoçava, ocorreu-me uma lembrança dos tempos do ginásio do Colégio Militar, no Rio. Quem entrava no Colégio, logo via - à esquerda da alameda de históricas palmeiras, no sentido de quem sobe do Portão de Entrada à Praça Thomaz Coelho ( onde são realizadas as grandes festas do Colégio, que a se criado se chamava Prythaneu Militar, orfanato para atender aos órfãos da Guerra do Paraguai) - um grande pátio com piso de terra batida, com grandes mangueiras, lembrando um antigo pomar. Era o paraíso do recreio do Externato. Dependendo da idade, bola-de-gude, brincadeira de pique, chute em gol, bafo-bafo, bate-papo nos bancos à volta das mangueiras. E fumar escondido. Lá no fundo, havia um banheiro coletivo. Era lá, o “fumódromo”. Alguns bons alunos aprenderam logo a tragar, outros menos bem dotados, logo acharam uma besteira aquela coisa de colocar cigarro na boca, enchê-la de fumaça, e soltar a fumaça, achando que aquilo era fumar. Esses nunca atingiram o verdadeiro prazer que a British Tobacco proporciona a alguns dos seis bilhões de habitantes do planeta. Eu sempre estive entre estes. Foi um namoro curto. Bastou-me um cigarro para abandoná-lo. Mas os mais hábeis aprenderam a tragar e nunca mais largaram o namoro, para felicidade da grande British e um certo sentimento de culpa nos inspetores que fingiam não saber. Mas o tempo passou, e esta mania de se querer cuidar da saúde dos outros e de se querer impedir que quem não fuma não possa se aproveitar da fumaça alheia, gerou esta outra mania de se criar a cada vez mais limitações para aqueles meninos hábeis que,hoje, com quase setenta anos, ainda mantêm pulmões olímpicos.
São raros, mas existem.
E por que me vieram à cabeça estas lembranças?
É que, pouco antes de entrar no restaurante, havia um de nossos companheiros Tuducax de pulmão olímpico, ex-aluno daqueles tempos históricos do Prythaneu Militar, que estava em um cantinho do 11º. Deck , com um cigarro furtivo. Parecia haver sido escorraçado da sociedade, em um canto do grande navio. E o que fazia ele. Apenas cumpria um ritual neolítico quase sagrado para as tribos de todo o mundo das Montanhas Rochosas à Patagônia, do Peru aos candomblés da Bahia, até aos aborígenes australianos: o companheiro já havia almoçado, e tomado, quer dizer, sorvido café, e a vontade irrefreável, invencível de tragar já o acometera. Ali, naquele canto, entretanto, uma das únicas áreas do Opera onde o fumo era permitido, pelo menos neste sentido, não havia culpa nos inspetores do navio.

Os primeiros “fuzileiros” voltaram de Búzios. Mas o prêmio de originalidade ficou com Regina e Esteves: desembarcaram do Opera e foram à terra. E em Búzios, foram aonde? Ofereço um jantar inteiro servido por um dos garçons indonésios que não falam português, inglês, francês ou espanhol. Não adivinharam? Foram a sua própria casa. Talvez, nunca mais utilizem meio de transporte mais caro para ir à própria casa. Ah, a boa notícia é que estava tudo bem com a casa.

Creio que o “escritório” começa a preocupar os amigos. Já me tentaram fazer ir à terra em Búzios. Vocês já sabem de minhas razões. Mas agora Mota Mendes e Neuza convidam-nos para desembarcar na Ilha Grande (a verdadeira), amanhã, com Jobst e Rosele. Bem, há moedas de troca que “não têm preço”. Começo a pesar a possibilidade. Mas enquanto isto, fui, enfim, à piscina.

Na foto promocional, há um sol deslumbrante. Mulheres magníficas. Não custa nada ir ver. De um lado e outro, fileiras de cadeiras espreguiçadeiras, onde mulheres, provavelmente de almas magníficas, de várias nacional - idades procuram ser alcançadas por raios de sol que teimam em não aparecer, embora, segundo os ambientalistas, o aquecimento global, etc, etc. Na realidade, não há sol nenhum, mas há senhoras e senhores de todos os pesos e medidas, de todos os países e tipos de varizes. Na água, ninguém. Mas as cadeiras estão todas ocupadas, a alguns dólares cada. (Creio ter passado pelo grupo de japoneses). Mais à frente, o idioma muda, é francês. Um pouco mais, e senhoras conversando em inglês. Um outro grupo fala alto e ri muito, em italiano. (Opa! Outro grupo de japoneses. Com certeza, pois o primeiro pelo qual passei está ali atrás, bem à vista). Encontro Carlô, Marilene, Danillo, Zenilda, Loureiro, Marlene. É uma babel, com fundo musical de bossa nova e música italiana. Um animador, lá do outro lado da piscina, faz um aquecimento com ....(esperem: outro grupo de japoneses)

ÔPA! Então não foi o mesmo grupo de kamikazes comilões que vi entrar no restaurante na hora do almoço. Eram três grupos! Imaginei-me um samurai, perante a vergonha de haver pensado mal daqueles veneráveis senhores e senhoras. Caber-me-ia, tão somente, colocar-me de joelhos sobre o tatame, em seguida sentar-me sobre os calcanhares, fazer a reverência, e realizar o sepuko. Como não sou samurai, saí de mansinho.

Antes do jantar, recebemos a visita na cabine, do Jobst e Rosele e do Mendes e da Alda, que conheceram a varanda.
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No meio da noite, ouvi um grito, quando estava saindo da ponte...passadiç...(ora, ponte, mesmo, afinal é assim que todo mundo chama!) Era noite fechada, não havia lua, e agora eram vários gritos que vinham da proa, daquele lugar em que o Leonardo de Caprio abriu os braços como um Cristo Redentor apaixonado. Muitos fogos espoucavam, e a água do mar se iluminava com eles. Eu queria correr para a proa, mas meu cardiologista me aconseçlhara a andar sempre devagar, e além disso, um vento forte começou e me prendia ao chão. E entre os gritos, ouvi um, que vinha amplificado pelo terror do marinheiro, como se vislumbrasse um fogo fátuo: - “ICEBERG TERRORISTA A VISTA!!!!!” O sistema de som deixa de tocar “As time goes by” e passa a anunciar seguidamente o alerta. Em desespero, os passageiros começaram a subir para a ponte! Que treinamento que nada. Muitos chegavam sem salva-vidas, outros erravam o pacote e só traziam o roupão para não serem descontados no ressarcimento de um caminhão de dólares. Lutavam entre si, arrancavam-se pedaços de salva-vidas. A maioria não se lembrava do local do embarque. Um dos passageiros, na pressa de ler atrás da porta onde seria o seu local de reunião, arrancara-a e a carregava, para cima e para baixo, procurando um local com luz para ler. A tripulação procurava organizar o difícil momento, e tranqüilizar os 2050 passageiros com um show na ponte, com as bailarinas russas, o atleta de força e equilíbrio, os cantores magníficos, todos, já de salva-vidas e apitos. Uma das lanchas se desprendeu e caiu no passad...na ponte e se transformou em milhares de cápsulas de remédio. Ninguém se machucou, mas quando a porta de outra lancha se abriu para ser ocupada pelos três grupos de japoneses, dentro dela já havia mais de trinta alunos do Prythaneu Militar e a Brigitte Bardot, fumando escondido, e a fumaça que saia de lá, começou a envolver o Opera com um fog. Sempre caminhando na minha passadinha, cheguei até a proa. Havia uma fila enorme de passageiros querendo ser fotografados junto ao Comandante e ao seu lado, o Diretor do show, encantava-se com o êxito daquela Opera fantástica e não parava de repetir, içado por um pau de carga: ÓOOtimo! ÓOOtimo! OOOtimo! Foi quando o vi. Ali estava, como se tudo fosse entre ele e eu. Como um touro que se prepara para atacar o toureiro, ele está imóvel, mas tenho certeza de que eu o vi, na água escura. Os marinheiros italianos do navio ( Américo Vespucio animando-os e dando-lhes coragem), vêem-no também, e os gritos se tornam mais fortes, em coro, em tom menor: O ibecerg! O iceberg! Enquanto, em contra-ponto o coro feminino, canta em tom maior: Terrorista! Terrorista ! Terrorista! E o Diretor no pau de carga: ÓOOOOtimo!!! OÓOOOOTTTIMO!, ÓOOTTTIMO!!!´Agora o iceberg aparecia nítido: um brilho azulado no meio da noite e parecia vir, de seu interior, uma luz verde e sinais laser que incidiam, como pontaria de arma de tiro tenso, no casco de Opera. Certificara-me de que o iceberg tinha vontade própria, e se dirigia em alta velocidade contra o navio. Não havia tempo a perder. A confusão era enorme e mais da metade das pessoas não havia achado o salva-vidas e muitos apitavam sem parar, só para esconder o pavor. Um Coro de oficiais croatas, comandados por uma croata linda, fazia contraponto aos apitos dos que se organizavam para o desembarque. Marcinho, cantava uma bailarina russa, - digo, catava uma bailarina russa para ajudá-lo a ver o iceberg, pendurado do lado de fora da proa, enquanto filmava sofregamente o iceberg se aproximando diretamente contra a proa do navio. Bertolino, de pijamas, deixara a cabine e ajudava Marcinho carregando o tripé, com aquela solidariedade própria de um companheiro de viagem.
D’Elia chegara ao deck e cantava músicas italianas sucessivas, e dançava com Marli, ainda comemorando o aniversário de casamento. No auge da confusão, com o iceberg, a menos de 10 metros da proa, um prático saltou do navio para a lancha, mas como não havia lancha, mergulhou nas águas da plataforma marítima e, certamente, contribuirá com sua vida humana, para evitar a extinção da espécie de algum animal marinho e será saudado postumamente pelo Greenpeace.

Enfim, exatamente às sete da manhã, na ausência da CNN, Marcinho com ajuda da bailarina russa que se dispusera a dar uma ajuda ( sabe de uma coisa, que fique dar, mesmo!), filmou o choque do maldito iceberg terrorista contra a proa do Opera, mas de pouco adiantou o esforço do Bertolino com o tripé. O estrondo foi forte e seco e o Coro cantava o famoso réquiem composto pela dupla sertaneja tuducax Amadeu & Mozart(atenção o revisor: é assim mesmo: Amadeu Mesquita e Mozart da Mota Mendes).
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Acordei, devido ao som da descarga do banheiro. Forte e seco, como sempre.

Não estava suando, como a gente vê nos filmes. Estava feliz. Olhei em volta e nem estava aí para o espelho, para o olho inchado, para nada. Eu estava, com certeza, mais um dia acordado. E isto, com a gente já aprendeu, é muito salutar. E com a quase certeza de que o iceberg terrorista talvez seja, mesmo, apenas uma ficção.

O mundo, naquele sonho, de repente, virara Opera. Flutuando sobre nosso sonho.

Fui me preparar para o café. Pois estamos no quarto dia. E promete.


FIM DA 3ª. NARRATIVA