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A Escolha das Armas e Serviços

 

Ao voltar no ano seguinte, em março de 1961, os Cadetes foram surpreendidos com a Cerimônia de Escolha da Arma e do Serviço. 
Antes, porém, cada Curso correspondente se apresentou no Cinema Acadêmico para mostrar aos Cadetes o que lhes proporcionava, como Curso e para que servia, como Arma ou Serviço. Sabedores das notas tiradas no Curso Básico e da sua classificação, os Cadetes aguardavam em forma a chamada de seu nome para escolher seu verdadeiro futuro na carreira militar. O Cadete 954, na ocasião, tomou conhecimento das seguintes notas:
Analítica-5,1; Descritiva-4,3; Física-4,0; Português-5,2; Química-5,3; Educação Física-7,3; 1o Grupo de instrução-6,2; 2o Grupo de instrução-6,4; atingindo 38.325 pontos, classificando-se em 261o lugar, em relação aos 480 Cadetes.

Para esta escolha, várias mesas foram colocadas à frente dos Cadetes em forma, cada uma delas representando uma Arma ou Serviço, e assim, ao ser chamado, o Cadete se dirigia a uma delas para escrever seu nome na lista que ficava aberta enquanto houvesse vaga disponível.

Alguns, infelizmente, não conseguem a Arma ou Serviço de sua preferência e aí são obrigados a escolher sua segunda ou terceira opção.

O autor, felizmente, conseguiu ir, em 56o lugar, para a Infantaria, "A Arma onde os melhores são apenas bons", tendo assinado a lista com muita alegria e orgulho. As outras Armas e Serviços, como já foi dito, eram: Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Comunicações; e os Serviços de Intendência e de Material Bélico.

Ao chegar na Ala do Curso de Infantaria, o novo Cadete infante recebia, com muita alegria, um cartão verde, com os seguintes dizeres:

 "A Infantaria sente-se ufana com a tua preferência.
Esta é a tua Casa". 
"Pertences a Turma I/4, Apto 320, Cama 5 e Mesa 24". 
"Obtiveste: No C Bas, 261o lugar; na Inf,
56o lugar, com 38.325 pontos". 
"Bem-vindo a nossa Arma!".

A Infantaria, chamada de "Rainha das Armas", atraía muitos Cadetes pelo que ela representa de valor, coragem e sacrifício. Transcrevemos duas poesias que dizem tudo sobre a Infantaria e o que é ser Infante. A primeira é de autoria do Coronel de Infantaria José Alberto Neves Tavares da Silva, intitulada "Ser Infante":

"Ser Infante, mais que um simples combatente
É lutar pela conquista das vitórias
Sem ter tempo para abrigar na mente
Anseios próprios de honras e de glórias.
Ser Infante é viver no sacrifício
É fazer do corpo um instrumento forte
Indiferente às dores do nobre ofício
Para cumprir missão, conviver com a morte.
Ser Infante é dar exemplo consciente
Na instrução, no serviço ou no combate
É ser humilde, desprendido, valente
Amigo sincero, aberto ao debate.
Ser Infante é compreender a dimensão
Do conjunto que o enquadra na batalha.
Companhia, Batalhão ou Divisão
Sofrerão, de qualquer modo, sua falha.
Ser Infante é dedicar-se ao Soldado
Figura maior no cenário da guerra
Aquele que briga, em grupo ou isolado
E marca presença com sangue na terra.
Ser Infante é vibrar no anonimato
Dos sucessos que pertencem a todos nós
É chorar, só, em silêncio, o rude fato:
A metralha que calou mais uma vez.
Ser Infante é superar-se no fracasso
Pois, na vida, ele é coisa eventual
Para os bravos é só o primeiro passo
De uma nova caminhada triunfal.
Ser Infante é sublimar-se na vitória
Dando ao Homem o respeito que merece
Escrevendo, honradamente, a História
E louvando ao Senhor com sua prece.
Ser Infante, é, sobretudo, confiança
Nos que mandam e nos que devem obedecer
É ter fé na empreitada a que se lança
A todo custo, cumprir o seu dever.
Ser infante é viver para servir
Mantendo acesa a chama que ilumina
Toda esperança que temos no porvir.
Ser Infante é uma dádiva divina.

A segunda, sem autoria, fala do "Pé-de-Poeira":

"Eu sou o "Pé-de-Poeira"
do norte, do sul, da fronteira.
Qualquer que seja o lugar:
A praia, o sertão, o deserto;
Não importa se é longe ou perto,
Chego lá de qualquer jeito,
Pelo ar, pela terra, pelo mar,
Voando, remando,
Qualquer coisa vou usando:
Aviões, pernas, navios,
Tudo que ande
No céu, na terra, nos rios.
Eu sou o "Pé-de-Poeira",
Que luta nas praias minadas,
Nos campos abertos,
Nas selvas bravias,
Nos solos desertos,
Galgando montanhas nevadas,
Cobertas de nuvens,
De pedras pesadas.
Eu sou o andante soldado,
Que esmaga a terra, o chão,
Com as rodas, os pés, a mão.
Chutando a poeira,
Maçando a lama,
De noite, de dia,
Sem dormir, sem parar.
Eu sou um soldado,
Um simples soldado,
E todos dizem
Que sou de Infantaria..."